sábado, 13 de dezembro de 2008

Entrevista esclarecedora de Protógenes Queiroz

Na última quarta-feira, o delegado da Polícia Federal, Protógenes Queiroz, deu uma entrevista extremamente esclarecedora ao programa Brasília Ao Vivo, da Record News. Antes da entrevista, a apresentadora informa que Protógenes já enviou para a cadeia pessoas como Lao Kin Chong, Hildebrando Pascoal e Paulo Maluf. Já na primeira resposta, o delegado deixou claro que a decisão de transferi-lo da diretoria de inteligência para a direção de departamento de pessoal foi unilateral e difícil de aceitar. Há expectativa de uma nova transferência, possivelmente para a coordenadoria de defesa institucional, área na qual o delegado não é especialista (suas especialidades são crimes financeiros e estratégias de inteligência). Esta nova transferência ainda não foi comunicada oficialmente. Protógenes comenta também sobre a inversão de valores feita quando, após divulgação da Operação Satiagraha, os alvos de ataques passaram a ser ele próprio, o Juiz Federal Fausto De Sanctis e o Procurador do Ministério Público Rodrigo De Grandis. Inversão de valores esta que foi tema de postagem neste blog.

O delegado da PF falou que já esperava retaliações, uma vez que investigava um bandido da estatura de Daniel Dantas. Mas foi surpreendido pela extensão desta retaliação, que chegou a atingir até mesmo seus familiares. Protogenes está convicto dos crimes do banqueiro, ao qual sempre se refere como “o bandido, Daniel Dantas”, um homem que construiu um verdadeiro império e tem contatos poderosos – o que dificulta a reunião de provas para os crimes – mas que há 20 anos pratica corrupção usualmente, prejudicando a sociedade. Para ilustrar o poder de manipulação de Dantas, Protógenes dá o exemplo do escândalo fabricado, a mando do banqueiro, por meio da “Revista” Veja, inventando que o Presidente Lula e o diretor da Abin, Paulo Lacerda, mantinham contas no exterior, destinadas a movimentar recursos sem origem declarada, o que durante a investigação ficou provado ser uma armação. Isso para citar uma de muitas falcatruas, um de inúmeros crimes.

O delegado federal entende que os recursos da defesa do banqueiro não irão prosperar, que dificilmente o bandido Daniel Dantas terá sucesso nas instâncias superiores da Justiça brasileira e que a nova equipe que está à frente da Satiagraha é capacitada tecnicamente e saberá conduzir a operação. Além disso, Protógenes esclarece que, durante a gestão de Paulo Lacerda, não houve espetacularização do trabalho da polícia, e sim uma prestação de contas à sociedade sobre os crimes cometidos com dinheiro público. O delegado confirma que houve pressão por parte da nova direção da PF para que ele deixasse o caso e que ele nunca quis abandonar a Satiagraha para fazer um curso. Outro importante esclarecimento do delegado é no sentido de negar peremptoriamente o uso de grampos ilegais com quem quer que seja, o que compromete a versão largamente noticiada de que a PF e a Abin interceptaram o presidente da Suprema Corte e o Senador Demóstenes Torres do DEM. Este ponto da entrevista é crucial! Vocês lembram do termo “grampolândia” e do que ele tentou demonstrar?

Partidos de oposição, óbvio, em parceria com a grande mídia, tentaram passar a impressão de que tanto a Polícia Federal quanto a Abin estavam fora de controle, fazendo grampos indiscriminadamente, ameaçando até mesmo o Estado de Direito brasileiro e que qualquer um de nós poderíamos ser a próxima vítima da perseguição promovida pelos agentes federais e de inteligência brasileiros. À época, eu comentei neste blog o absurdo que foi esta empreitada contra as instâncias investigativas deste país. Quem é beneficiado quando o trabalho da polícia é tolhido? Não é à toa que esta empreitada veio imediatamente após a investigação de Daniel Dantas, este é um homem extremamente influente, inclusive na Imprensa, como demonstrou o episódio da Veja. Nas palavras do delegado Protógenes: “com este carnaval que foi feito com a operação Satiagraha, provocados por atos insanos do bandido banqueiro Daniel Dantas, ele conseguiu destruir o sistema brasileiro de inteligência. [...] O nosso país hoje, te digo francamente, é um país desprotegido”. Ou seja, em certa medida, Daniel Dantas x Oposição x Mídia atingiram um dos seus objetivos.

É bom registrar que, durante o escândalo da “grampolândia”, o Senador do DEM / PI, Heráclito Fortes, pediu a prisão de Protógenes e o Globo News, para citar um exemplo, fez uma edição do programa PAINEL sobre “As diversas formas de abuso de poder do Estado sobre o cidadão brasileiro” com especialistas que denunciaram as “atrocidades” da Abin. É falso pensar, no entanto, que a influência de Dantas está apenas sobre a mídia e os partidos da oposição. O banqueiro bandido tem tentáculos no governo atual, tanto que o delegado Protógenes sofreu constantes retaliações por parte do comando da PF enquanto tentava investigar Dantas, precisou recorrer à Abin, com a cumplicidade de Paulo Lacerda, até que ambos terminaram afastados de seus cargos. Por outro lado, também é verdadeiro que foi neste governo atual que Dantas tornou-se alvo de operação federal (coisa que jamais aconteceria no Governo FHC – ao contrário, na gestão demo-tucana, Dantas virou um magnata das comunicações). Hoje, o banqueiro tem grandes chances de ser punido e devolver aos cofres públicos boa parte do dinheiro que roubou. A Polícia Federal trabalha como nunca antes na história deste país.

2 comentários:

  1. Blog Crápula Mor, comunico que foi adcionado na lista de BLOGSFERA do Desabafo Brasil. Um abraço pela parceria. Daniel Pearl.

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  2. temos que, a todo momento, reiterar: NUNCA NA HISTÓRIA DESSE PAÍS!!!!
    Se Jânio estivesse vivo, diria a Protógenes: Cuidado com as forças ocultas, mermão!!!

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