
O debate se deu entre aqueles que defendem, como o Senador Suplicy, uma Renda Básica de Cidadania assegurada a todo e qualquer cidadão brasileiro, rico ou pobre, e os que acreditam que, no momento, os programas sociais devem focar nas pessoas mais carentes, posição do Ministro Patrus. O debate foi profundo, de alto nível, amigável e até descontraído, já que a todo o momento tanto o Ministro quanto o Senador faziam questão de reafirmar a amizade que têm. Seria até leviano tentar reproduzir um debate de mais de 3 horas. Mas, basicamente, os defensores da Renda Básica geral e irrestrita alegaram que os Governos que experimentaram esta proposta tiveram os resultados mais expressivos na desconcentração da renda, o modelo acaba com a vergonha por parte daqueles que recebem o benefício (já que seria direito de todo cidadão), e ainda dispensa as contrapartidas exigidas pelo Governo – como freqüência escolar e vacinação – que podem retirar o benefício de pessoas que realmente precisam. Do outro lado, o Ministro Patrus alegou que não é possível comparar a situação do Brasil com a de outras nações e que, pelo menos por enquanto, é melhor distribuir os recursos da área Social para programas voltados apenas para a população mais pobre, historicamente mais atingida.
Ao final das falas, abriram para perguntas. Claro, levantei a mão. Perguntei aproximadamente o seguinte: “Ministro Patrus, eu gostaria de trazer a discussão para o campo da Comunicação. Ontem mesmo, o Bolsa Família foi pauta do Jornal Nacional. Na matéria, mostraram uma moça que recebe o auxílio, dizendo que preferia que a renda viesse de um emprego, e um especialista, dizendo que o Governo deveria investir mais e gastar menos. Sendo ‘o gasto’ o Bolsa Família. Matérias como essa dão a entender que Programas de Transferência de Renda inibem ou prejudicam a geração de emprego. Entretanto, a realidade mostra justamente o oposto. Como o Senhor avalia a relação da mídia com a temática da transferência de renda?” Não sei nem se eu teria autorização para divulgar a resposta, mas já que são temas públicos... Patrus Ananias foi categórico! Não tive como registrar as palavras exatas, infelizmente. Mas o Ministro falou que os Programas Sociais têm grandes inimigos, a Rede Globo é certamente um dos maiores. Disse que já ouviu de editores globais que eles respeitam a pessoa do Ministro, sua trajetória, mas são contra os Programas do Governo. Para Patrus, é nítida a má vontade da mídia para com as ações do Desenvolvimento Social, pois existe uma verdadeira disputa pelos próprios recursos da nação.
Enquanto os Governos anteriores investiam em infra-estrutura, para que a classe empresarial fosse beneficiada, este Governo destina parte dos recursos públicos para a população mais pobre. O discurso do “mais investimento e menos gasto” está mascarando uma falácia: de que o desenvolvimento econômico por si só garante avanço social. Para o Ministro, isto não procede, já que o próprio Brasil teve momentos de grande crescimento econômico, mas a pobreza e a miséria persistiram. Daí a necessidade de Políticas Sociais. Ficou claro que o Bolsa Família não está isolado, mas compõe toda uma rede de Programas, que também incluem capacitação profissional, doação de equipamentos, compra da produção de pequenos agricultores, financiamento pelo Pronaf, democratização do acesso à água (com Cisternas) e à eletricidade (com o Luz Para Todos), Restaurantes Populares, enfim. Uma série de medidas que substituem 'assistencialismo' por Políticas Públicas de Desenvolvimento Social, e resgatam brasileiros da situação de miséria e pobreza, incluem massas no mercado de consumo – o que gera um efeito multiplicador e beneficia toda a economia, e garantem o direito constitucional ao mínimo de dignidade, à segurança alimentar, à vida.
Ah, eu tava me perguntando se nao escreverias texto sobre o FSM. "Será que nao viu nada mto interessante?"(tirando, é claro, a bagunca que estava o lugar, rs).
ResponderExcluirQto ao Ministro, categórico realmente foi a palavra certa! E fez bem, dando nome aos bois! No próximo Fórum, ou em outro evento acessível, quem sabe arranjam um debate entre jornalistas e políticos para debater o último ano de governo do Lula...
Olá Crápula, muito boa sua cobertura. O Ministro Patrus é o cara, um dos últimos fiapos de decência do PT mineiro.
ResponderExcluirPena que eu perdi essa palestra. Tinha tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo, tantos locais pra ir, que eu acabei deixando passar alguns eventos muito bons, como foi o caso dessa palestra com o Ananias e o Suplicy.
ResponderExcluirCom relação à cobertura da mídia sobre programas de transferência de renda, não houve novidade na fala do ministro. Isso está nítido todos os dias. Mas é sempre bom uma "voz oficial" ratificar o que pensamos...
Como diria aquela letra da música da banda Cascabulho: "fome dá dor de cabeça".
ResponderExcluirTanto é verdade que o governo fez certo em investir no bolsa familia e tambem no PAC que os tucademos (Serra) tão copiando.
ResponderExcluirPatrus estará no Governo Dilma.
ResponderExcluirNiguém duvida. A mídia podre ataca a tudo e a todos, mas nao mais se atreve a falar do Bolsa-família e por isso, engole Patrus.
É Dilma lá, ou Lula 3ro tempo, c/ Patrus Anannias.
Inté,
Murilo
Olá excelente matéria. Eu poderia até divulgá-la no blog http://olhosdosertao.blogspot.com.
ResponderExcluirCaso afirmativo passe um e-mail. Parabéns pelo blog e pelo texto. O Patrus é um dos grandes políticos do Brasil.