sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

A dificuldade da mídia em retratar o Governo

Depois de uma eleição bastante tensionada, com claro confronto entre um das candidaturas e os principais veículos de Comunicação, a estratégia da desqualificação continua muito presente na cobertura jornalística sobre política. Nas eleições presidenciais de 2010, a chamada grande mídia sofreu importante derrota, com a vitória nas urnas de Dilma Rousseff. O fato político que se seguiu, a composição do Ministério Dilma, também recebeu tratamento enviesado pela Imprensa. De fato, muitos dos vícios de análise que os jornalistas apresentaram durante as eleições continuam sendo utilizados. Permanece a necessidade de retratar Dilma Rousseff como alguém despreparada, atrapalhada, inoperante e – é claro – sem capacidade de ação longe do presidente Lula. A estratégia é sempre esvaziar a figura política de Dilma, com a insinuação de que, sem Lula, ela é outra coisa, não tem valor. Por muito tempo, antes da eleição, a grande mídia vendeu a imagem de uma Dilma durona, sem jogo de cintura, sem capacidade de diálogo, ríspida demais ou mesmo grosseira. De alguma maneira, colou.

Eu, pelo menos, vi várias pessoas se referindo a então Ministra desta forma. Mas não foi o suficiente pra barrar a candidatura. Com o início da eleição, foi necessário lançar mão de uma estratégia que revertesse a força política da união das imagens públicas de Lula e sua candidata – algo quase imbatível dada a aprovação do Governo. Logo, oposição e mídia optaram pela desconstrução da imagem da petista, enquadrada como alguém inábil, totalmente dependente, sem comando, sem força, sem luz própria. Uma guinada brusca: de excesso de personalidade, para absoluta falta. Mas, a mídia não se constrange... Lembro que, no começo da campanha, nas primeiras entrevistas de Dilma, muitos jornalistas – acreditando em suas próprias cantilenas – concediam à candidata governista um tratamento condescendente, quase paternalista, como se estivessem lidando com uma criança indefesa, prestes a cometer gafes em série, uma bomba relógio. Muitos entrevistadores repetiam perguntas, alegando que a candidata não tinha entendido a questão. Na imensa maioria das vezes, era a resposta de Dilma que tinha sido complexa demais para a compreensão do jornalista.

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Mas esta prática não mudou. É como uma vocação para o ridículo... Porque não conseguem se livrar de seus vícios de pensamento, agora os jornalistas que avaliam o cenário político brasileiro estão com suas réguas na mão, para media até onde vai Lula e onde começa Dilma no Ministério formado. Querem saber qual nome tem “dedo” de Lula, qual tem “dedo” de Dilma. Afinal, o Governo terá “cara” de um ou da outra? Até onde vai a “sombra” do ex-chefe? Percebam a riqueza e a profundidade dos dilemas jornalísticos. A concepção terminantemente individualista, personalista, impede a imprensa de fazer análises decentes ou honestas. O próprio Lula tem dado respostas como “estranho seria que o Ministério tivesse indicações do Serra...” ou “como foi Chefe da Casa Civil, Dilma conhece melhor que ninguém boa parte dos Ministros, ou seja, a turma é dela tanto quanto dele”. São constatações elementares, e sugerem a compreensão mais adequada.

Claro que indicações para a equipe de Dilma, de Lula, dos governadores, de qualquer chefe do executivo, obedecem a composições partidárias e a questões de governabilidade, algo controverso e questionável sob vários aspectos. O Governo petista teve de ligar com isto desde a era Lula, não muda agora com Dilma, nem mudaria com Serra. A esta altura, já ficou claro quais forças político-partidárias estão alinhadas com o PT e quais não. Mesmo no PMDB, que é ambíguo, como outras legendas, já há divisão entre alas mais governistas e mais oposicionistas. A despeito disto, a “turma” que entra agora no Ministério Dilma não é nem dela, nem de Lula, porque os próprios governos não são dela ou dele. O que está em jogo é um projeto para o país, uma concepção de estado, uma visão política, um campo ideológico, com métodos, práticas e idéias. Quem venceu em 2010 foi este projeto, esta proposta pro país, este conjunto de políticas públicas – que foi representado pelo Lula, e agora é pela Dilma.

Neste sentido, os nomes são menos importante que as ações e programas de governo, seja para o cargo de presidente, seja para os Ministérios. Os indivíduos indicados para as pastas do Governo Federal, antes de estarem vinculados a Lula ou à Dilma, estão vinculados a este projeto. De maneira que a abordagem individualista é bastante pobre para compreende tal processo de montagem da equipe. Não há oposição entre Lula, Dilma, ou outro nome que viesse a representar uma mesma proposta para o país. Há oposição entre Dilma e Serra! Neste caso, não pelos seus atributos individuais ou pelas suas personalidades, mas porque estão situados em campos políticos divergentes. A maioria do povo brasileiro entendeu isto, tanto que elegeu para o mais importante cargo uma mulher sem experiência eleitoral. Isto porque o primordial era a manutenção das políticas públicas vigentes, e não propriamente o indivíduo – um sinal de maturidade na nossa democracia. Na política, mais importante que o embate entre pessoas, é o embate entre idéias, concepções, conteúdos programáticos etc. A eleição de Dilma foi didática neste sentido. Pena que alguns demorem mais pra entender, seja por má vontade, seja por incompetência.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Aniversário de 3 anos do blog

Últimas horas do último dia do mês e eu aqui com a consciência pesada por não ter atualizado o blog. Este seria o primeiro mês, em três anos, sem nenhuma atualização. Seria! Pois cá estou! É o cúmulo do desleixo um blogueiro ficar um mês inteiro sem escrever nada. Especialmente sendo o mês de aniversário do blog que, no caso presente, é novembro. Eu nunca comemorei num dia específico, mas sempre registrei algo ao longo de novembro. Novamente, registro aqui que o blog está completando três anos, em 2010. Recentemente, tenho atualizado muito pouco, quer dizer, menos ainda, porque em nenhum momento eu posso dizer que atualizei muito. O motivo é muito simples: nestes últimos meses estive escrevendo a dissertação do meu mestrado. Devo defendê-la em março do ano que vem, mas preciso entregar a pesquisa completa agora em dezembro.

Não é que a pesquisa tenha me tomado tanto tempo que não teve como escrever para o blog. Tempo, eu tive tanto quanto ou mais, nestes últimos meses. Acontece que a dissertação me tomou fôlego. Todos os textos deste blog foram resultado de um ócio criativo, aqueles momentos deliciosos sem nada pra fazer, que a gente acaba dedicando aos assuntos que nos interessam – pesquisando, vendo na TV, lendo sobre, escrevendo etc. Mas, política, na minha percepção, não é algo sobre o qual você pode sair escrevendo qualquer coisa. Uma análise minimamente sustentável exige elaboração, esforço mental, “fôlego”. Com a dissertação, qualquer esforço mental que eu conseguia esboçar já estava comprometido. Mas tem valido à pena, é o meu primeiro trabalho, assim mais longo, que eu realmente gosto, sinto orgulho de ter feito. Já estou na fase do acabamento, apenas retocando e fazendo ajustes finais.

Não sei como será o próximo ano, mas espero ter tempo pro blog, ou melhor – espero não precisar fazer tanto esforço mental, pra ter disposição pra analisar a política e a mídia. Afinal, pretendo, sim, comemorar o quarto, quinto, décimo ano de blog. Dezembro deve ficar mais animado por aqui, prometo que não será tão parado quanto novembro – o que não diz muito. Tem muita coisa a ser comentada sobre a vitória da Dilma, esta transição entre governos (ou continuação?), as expectativas pro futuro do país etc. Agradeço a todos os visitantes do blog, especialmente aqueles regulares, e peço desculpas pela falta de reciprocidade dos últimos tempos. Junto com o maior compromisso com o blog, prometo voltar a visitar os blogs dos colegas, sempre com coisas interessantes a dizer! De todo modo, obrigado a todos! Até a próxima!

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Mídia a sabor da militância: a relação de amor entre PSDB e Globo

Na disputa política, o simples fato de um dos lados amar a cobertura feito por um conjunto de veículos e o outro lado odiar esta mesma cobertura já não é altamente indicativo sobre a natureza desta cobertura? Vamos a dois episódios recentes que ilustram esta realidade. Primeiramente, o caso Paulo Preto. Na rodada de entrevista com os presidenciáveis que o Jornal Nacional fez neste segundo turno, William Bonner explicou que trataria ali dos temas mais relevantes na disputa, naquele momento. Não se ateria às propostas dos candidatos, necessidades prementes do povo, questões administrativas ou de gestão pública. Não. Nada disso. Abordaria “temas relevantes”. É uma categoria um tanto subjetiva, mas ok... É válido. Creio que dá mais audiência do que aspectos mais técnicos. Diante disto, para Dilma, Bonner perguntou sobre aborto, sobre a Erenice e sobre desavenças entre Ciro Gomes e o PMDB. Realmente, temas que tiveram grande visibilidade na campanha até aquele momento.

Já para Serra, dentre outras coisas, Bonner perguntou sobre Paulo Preto. O caso é certamente relevante, dadas a proximidade do engenheiro com tucanos poderosos, as importantes obras que chefiou nos governos tucanos em SP e as graves denúncias que pesam contra ele. Paulo Preto teria usurpado 4 milhões de reais que seriam destinados à campanha de Serra, como contribuição ilegal. A história foi veiculada no portal Terra, na Folha de São Paulo, na Record, é capa desta semana da Isto É, dentre outros veículos. Mas, sabem quantas reportagens os telejornais da Globo (e Globo News) fizeram sobre o caso? Zero. Absolutamente nenhuma. Sequer mencionaram Paulo Preto em sua cobertura. Como pode o maior jornal do país não fazer uma matéria sequer sobre um episódio que o próprio editor-chefe admite ser dos mais relevantes na eleição? O caso Erenice, eles exploraram exaustivamente, todos dos dias por várias semanas, causando considerável prejuízo à campanha da Dilma.


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Tem que mostrar mesmo o caso Erenice! É algo chocante, repugnante, que merece ser denunciado e cobrado de quem for responsável. Mas um trabalho jornalístico de fiscalização, vigilância, que é republicano e salutar, torna-se vil e baixo quando funciona apenas para u
m dos lados. A candidatura Serra é poupada dos estragos que seriam causados, caso os telejornais da Globo tivesses a mesma postura diante do PSDB. Que credibilidade resta a essa emissora? Como acreditar nas denúncias e na cobertura jornalística que faz a Globo? Isto seria bem menos grave se eu tivesse começado este blog hoje. Mas eu estou há 3 anos já alertando para exatamente este padrão que se repete na cobertura que os grandes veículos – Globo, Folha, Estadão, Veja etc. – fazem da política brasileira. Não apenas eu, né? Milhares de outros blogs espalhados por aí.

Ontem o Jornal Nacional fez um esforço homérico para restituir a Serra a posição de vítima de uma bolinha de papel. Ok, não se joga bolinha de papel, rolo de durex, nem balão com água em ninguém. E, de fato, o Presidente Lula se precipitou e falou mais do que devia. Mas não está totalmente comprovado que outro objeto atingiu Serra. Eu até acho muito improvável que Serra tenha encenado tudo, mas um Jornal não pode assumir como fato irrefutável algo que ainda é nebuloso, apenas para beneficiar uma candidatura. O vídeo que supostamente comprova que outro objeto – além da bolinha de papel – alveja Serra não mostra NADA! Mas a prioridade do JN é sempre mostrar os aspectos dos episódios que mais favorecem o PSDB. Tucanos e militantes, ontem, comemoraram efusivamente a matéria do JN. O que nos remete ao meu ponto inicial: sempre, um dos lados ama, idolatra, fica eufórico com a cobertura de alguns veículos; enquanto o outro lado está sempre inconformado com esta mesma cobertura, e precisa recorrer a veículos destoantes, que fazem algo de diferente. Por si, este retrato não é incrivelmente eloqüente sobre o nosso país?

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Sobre o segundo turno e o terrorismo eleitoral

Já está bastante evidente a influência de temas morais nas eleições deste ano. Claro que outros fatores, como a utilização de escândalos contra a candidatura governista e a maior taxa de abstinência em regiões em que Dilma tem maior votação, contribuíram para o segundo turno. Mas está cada vez mais evidente o importante papel desempenhado pela boataria contra o PT, em função de temas como aborto e homossexualidade. Na grande imprensa, muitos comentaristas já escreveram sobre o assunto. Para José Roberto Toledo, do Estadão, a Internet foi o principal canal para as ações difamatórias. Mas mensagens de celular costumam ser bastante utilizadas neste tipo de estratégia. Houve também um panfleto anti-Dilma ligado à TFP (Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade) que chegou à cúpula tucana.

Certamente, esta movimentação de setores conservadores da sociedade brasileira ajudou a alavancar a candidatura Marina, jogando as eleições para o segundo turno. Na mesma proporção, está tirando votos de Dilma. O difícil é saber a dimensão deste movimento e que efeitos ainda pode surtir. Em outras palavras, ninguém tem como saber se Dilma já caiu tudo o que tinha de cair. A grande incógnita é em relação ao percentual de brasileiros que pode mudar o voto apenas com base em orientações de cunho religioso, ou priorizando este aspecto. De fato, muitos católicos e evangélicos, ainda que aprovem a candidatura governista do ponto de vista econômico e social, podem abandonar o PT se vierem a entender que Dilma trabalhará na presidência para descriminalizar a prática abortiva ou reconhecer a união civil entre gays.

Do ponto de vista dos direitos civis, o prejuízo é tremendo. Aquele campo político – efetivamente popular, liderado hoje pelo presidente Lula – que tinha compromisso com bandeiras progressistas terá de fazer inúmeras concessões e abandonar pontos de vista históricos, para manter as chances de continuar na presidência. Verifica-se que está despertando na sociedade os sentimentos mais obscuros, retrógrados e fundamentalistas. No Entre Aspas desta quinta-feira, um dos convidados relatou que freqüentou uma igreja evangélica em que o pastor discorreu longamente sobre os perigos que o PT representa. Ao final do culto, o pastor perguntou “Então, em quem vocês não vão votar?”. Os fiéis, erguendo os punhos em riste, gritavam: “Dilma! Dilma! Dilma!”. No vídeo abaixo, um padre da Rede Canção Nova estimula as pessoas a, não apenas votarem contra o PT, mas também a disseminaram esta mensagem.

Infelizmente, os grupos religiosos podem virar esta eleição. São extremamente articulados, coesos, e podem mudar sua opinião com muita facilidade. Basta a sinalização de uma liderança, a evocação de um “fundamento”, um dogma, aos quais devem obedecer, sem questionamentos, sem resistência. Dilma está no corner, encurralada, a pior posição para um candidato. O desafio é articular com lideranças religiosas para reverter o quadro e, infelizmente, conceder as garantias que forem necessárias, em nome de algo maior. Por outro lado, a candidatura governista precisa estabelecer outra agenda eleitoral, politizar a campanha, trazer mais temas para o debate, e fugir desta seara tão desfavorável. Os outros temas tendem a beneficiar o governo, nem todos os cristão serão levados pela onda difamatória, e Dilma terminou o primeiro turno a 3 pontos percentuais da vitória. Nem tudo está perdido. Agora, muito mais que em 2002, a esperança tem de vencer o medo.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Prognósticos - Bancadas no Senado

Na tabela, os candidatos ao senado - do PT, PSDB, DEM e PPS - estão separados em quatro grupos: aqueles que têm chances “muitos altas” de serem eleitos (virtualmente já eleitos), os que têm “chances altas” de eleição (candidatos realmente competitivos), os que têm chances médias de eleição (disputa acirrada e imprevisível) e os que têm “chances baixas ou muito baixas” de vitória (praticamente fora da disputa).

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Projeção de bancada eleita para 2010:


Para calcular o número médio de senadores eleitos por cada partido, adotei os números de candidatos com chances muito altas e altas mais metade dos candidatos com chances médias. É recomendável considerar uma margem de erro, de dois para mais e dois para menos. Esta estimativa levou aos seguintes números:

PT – em torno de 12 senadores eleitos
PSDB – em torno de 6 senadores eleitos
DEM – em torno de 2 senadores eleitos
PPS – em torno de 1 senador eleito

Permanecem com mandato até 2014:

PT – 3: Eduardo Suplicy – SP; Anibal Diniz – AC (Suplente de Tião Viana); Ana Rita Esgário – ES (Suplente de Renato Casagrande)
PSDB – 5: Álvaro Dias – PR; Cícero Lucena – PB; Mário Couto – PA; Marisa Serrano – MS; Niúra Demarchi – SC (Suplente de Raimundo Colombo); Cyro Miranda Gifford – GO (Suplente de Marconi Perillo).
DEM – 4: Eliseu Rezende – MG; Jayme Campos – MT; Kátia Abreu – TO; Maria do Carmo Alves – SE.

Bancada prevista para legislatura 2011 - 2014:

PT – em torno de 15 senadores
Outros partidos governistas
PSB – em torno de 4 senadores: Antonio Carlos Valadares – SE; Rodrigo Rollemberg – DF; Lídice da Mata – BA; João Capiberibe - AP.
PDT - em torno de 3 senadores: Cristóvam Buarque - DE; João Durval - BA; Acir Gurgacz - RO.

PCdoB – em torno de 3 senadores: Inácio Arruda – CE; Vanessa Grazziotin – AM; Netinho – SP.
Partidos de oposição
PSDB – em torno de 11 senadores
DEM – em torno de 6 senadores
PPS – em torno de 1 senador

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Os Donos da Crise

A reação de Serra, na entrevista à CNT, é absolutamente sintomática. O PSDB está tão acostumado a ver apenas os seus pontos-de-vista sendo reproduzidos pelos jornalistas, que surta diante do contraditório. Para os tucanos, apenas os seus modos de entender os fatos são válidos, o resto é “trololó petista”, "argumentos fajutos" etc. Isto é muito comum nas situações mais corriqueiras: lados opostos têm visões diametrais sobre determinados assuntos, e ambos se acham totalmente certos. No caso da mídia, me parece ideal que houvesse arbitragem entre as diferentes visões, abertura de espaço para as divergências, de modo que a cobertura seja democrática e permita ao eleitor uma reflexão mais balizada. Em quaisquer circunstâncias, é muito grave que isto não se dê. Na iminência de uma eleição presidencial, é criminoso.



Só seria justificável que apenas um lado tivesse amplo espaço, com o outro sendo marginalizado, se os argumentos deste lado fossem inabaláveis, completamente comprovados, de modo que qualquer contraditório fosse desonesto, sujo. Não é o caso! Primeiro porque não há nada que comprove a ligação da candidatura governista com os casos que estão sendo explorados. O comércio de sigilos fiscais, já confessado pela servidora da receita, por mais abominável que seja, é de grande alcance e antigo. Não é difícil encontrar pela 25 de março comerciantes oferecendo CDs com dados de milhares de contribuintes. Esta servidora certamente não é a única a se valer da função que exerce para obter vantagem. E a comissão exigida pelo filho de Erenice Guerra para aprovar projetos de empresários, se comprovada, também não incrimina Dilma e sua candidatura.

Não se trata de tangiversar, de justificar erros com outros, de arranjar desculpas. É IMPOSSÍVEL, a não ser que se trate de alguém muito mal intencionado ou tapado, não se incomodar com o timing dessas denúncias. De novo, há poucos dias da eleição, brota um caso isolado, distante, mal explicado, genérico, que procura inviabilizar todo um projeto político. Não se trata de defender a Dilma, ela é apenas um rosto e um nome. Trata-se de decidir o destino de uma nação, pelos próximos anos. Estão em jogo, a riqueza do país, políticas públicas estruturantes, posicionamentos, prioridades, os maiores interesses, vidas humanas que são atingidas pelas ações políticas. Como não notar que acusações tão nebulosas sejam acionadas e tornem-se verdadeiras novelas jornalísticas no decorrer de uma eleição que vai anunciando seu rumo?

O fato de Dilma vencer no primeiro turno não me consola. Não é possível que sempre que comece a crescer uma candidatura de cunho popular, progressista, comprometida com a mudança deste país pela base da pirâmide social, utilize-se este tipo de expediente. Não é possível que o processo sagrado de escolha democrática sofra sucessivas tentativas de inviabilização. É preciso fazer algo. Crises não brotam, não surgem do nada, de maneira espontânea ou despretensiosa. As últimas crises, no Brasil, têm tido hora marcada e endereço político. Não me lembro de crises poucos dias antes da votação, quando das eleições de Fernando Henrique. Mas aconteceu com Lula em 2006, acontece agora com Dilma. Eu já esperava alguma estratégia (e quem não?), mas ainda fico chocado com a intensidade. Se são capazes disso agora, o que não farão durante o próximo Governo? Lula resistiu. Mas e outra liderança que não agrade os donos das crises? Resistirá? Até quando pagaremos pra ver?

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Tão previsível que surpreende (o caso Verônica Serra nas eleições 2010)

O Tribunal Superior Eleitoral puniu a campanha de Dilma, em função de críticas que candidatos a deputados de Santa Catarina fizeram ao governo Fernando Henrique. Especificamente, os aliados de Dilma falaram que a falta de investimentos de FHC e Serra (à época, Ministro do Planejamento) ocasionaram o apagão em Florianópolis. O TSE entendeu que, apesar de Dilma não ser mencionada, nem mostrada no espaço televisivo, houve “propaganda negativa do adversário”. Pois bem, o Serra está indo á televisão dizer que a quebra de sigilo de sua filha, feita com documentos falsos, foi orquestrada, não apenas pelo PT, como pela campanha da Dilma, com objetivos político-eleitorais. A coligação de Serra chegou a pedir a cassação do registro da candidatura de Dilma, por causa deste episódio.

Alguém minimamente crítico, e com o mínimo de vergonha na cara, consegue ignorar que estes escândalos midiáticos, às vésperas de eleição, sempre beneficiam a campanha do PSDB? Nesta quinta, o programa na TV do Serra foi praticamente uma extensão do Jornal Nacional, ainda veio recheado de matérias da Folha, e destacou trechos de uma coluna da Dora Kramer no Estadão! Vejam a que ponto chega o alinhamento mídia / oposição. A principal contribuição da Imprensa para o PSDB é construir as bases do discurso tucano, reforçar e legitimar as acusações de Serra contra Dilma. Claro, sempre com esse tom alarmista, mexicanizado, pra chocar os cidadãos e ajudar na desestabilização da disputa. Não há qualquer indício de envolvimento da campanha petista com esta solicitação de informações junto à Receita! Se o TSE – que puniu a campanha da Dilma por críticas feitas por terceiros à gestão tucana – for minimamente coerente, o Serra precisa ser punido por esta irresponsabilidade.

Não é possível que este padrão continue se repetindo. Pegam um caso totalmente isolado, que pode ter sido armado por qualquer um, e tentam incriminar um projeto político de cunho popular. Eu quero lembrar que da última vez que acusaram a Dilma de montar dossiês, a Polícia Federal acabou descobrindo que, apesar do material ter sido vazado por um funcionário da Casa Civil petista, a solicitação partiu do senador tucano Álvaro Dias! Fato solenemente ignorado pela grande mídia! Quem sofreu todo o desgaste do processo naquele episódio foi o Governo e, em parte, a própria Dilma. Ninguém sabe ainda quem está por trás desta quebra de sigilo fiscal da filha do Serra. Ainda que seja alguém ligado ao PT – ou adversário do PSDB, daí à Dilma ter responsabilidade vai um abismo de distância.

A candidatura governista sempre foi favorita, mesmo quando estava atrás nas pesquisas, tanto que este blog e muitos outros antecipamos há meses a possibilidade de vitória no primeiro turno. Esta liderança nas pesquisas – ainda que com magnitude surpreendente – apenas consolidou um quadro que já estava desenhado. Toda a conjuntura favorecia a Dilma, e ainda favorece. Seria um tiro no pé, o cúmulo da estupidez, e mais: do amadorismo político, recorrer a um expediente como este. Nenhuma grande campanha (como a da Dilma, do Serra e da Marina) cometeria um erro tão crasso. A exploração política deste episódio está sendo feita pela oposição e, de novo, pela mídia. É inacreditável que usem a mesma estratégia da eleição presidencial imediatamente anterior. “Não votem no PT porque no PT tem aloprados, e eles não respeitam a democracia”.

A candidatura tucana caminhava para uma derrota fragorosa, retumbante, agora os ânimos oposicionistas estão atiçados novamente. Não apenas porque se almeja prejudicar a candidatura Dilma, mas também – talvez, principalmente – para reduzir o tamanho da vitória governista. Não somente Dilma venceria. Dilma venceria, em primeiro turno, com uma diferença de o dobro de votos do adversário, em estados considerados redutos tucanos, arrastando uma bancada imponente para a Câmara e para o Senado, e dando enorme impulso para os candidatos governistas que fossem ao segundo turno nas disputas estaduais. É fundamental compreender este aspecto. Determinados setores da sociedade não aceitariam de maneira nenhuma e não suportariam uma derrota deste tamanho. Era preciso fazer alguma coisa. Será suficiente para mudar o destino das coisas?

terça-feira, 31 de agosto de 2010

O melhor do Horário Eleitoral

Nesta postagem destaco alguns ótimos trabalhos de marketing eleitoral (especialmente televisivo) das campanhas deste ano:

Tarso Genro - PT / Rio Grande do Sul

A campanha do Tarso tá muito bem feita, não é à toa que o candidato só cresce nas pesquisas desde que começou o horário eleitoral, e ele nem tem tanto tempo a mais que os adversários. O jingle eu destaco como um dos melhores da safra deste ano, e os programas têm usado de maneira natural e bastante didática a experiência que o candidato teve nos Ministérios do Lula. É ótima a idéia de contratar uma repórter para percorrer o estado, mostrando situações reais e soluções, como o próprio candidato fez para elaborar seu programa de governo.



Rosalba Ciarlini - DEM / Rio Grande do Norte

Reparem na música que toca no clipe logo no início do Programa. Simplesmente sensacional! Rosalba tem a dura tarefa de enfrentar a popularidade de Lula em um estado nordestino. A candidata já recebeu Serra no estado, mas evita utilizar a imagem do candidato. A campanha tem de ter muito jogo de cintura, mas tem tido sucesso. Natal já demonstrou que pode votar a despeito da recomendação do presidente, quando elegeu a candidata do PV para a prefeitura em 2008, já no primeiro turno. Rosalba tem tudo para seguir pelo mesmo caminho, além de eleger os dois senadores de seu grupo: Garibaldi Filho e José Agripino (mais conhecido na terra como Jajá).



Raimundo Colombo - DEM / Santa Catarina

O DEM parece estar bem disposto a eleger seus dois candidatos com maior potencial. O programa de Raimundo Colombo é realmente dos melhores que vejo este ano. O roteiro soube mesclar muito bem depoimentos de eleitores com a trajetória do candidato. Colombo aparece sempre com uma linguagem bem direta e informar - recheada de "pô's". Mas isso tem servido para tornar o candidato mais humanizado, claro e próximo dos problemas das pessoas. Além disso, o candidato do DEM tem um perfil muito adequado para o eleitorado catarinense. Por agora, está atrás nas pesquisas, mas acho que aí vai dar casamento.

sábado, 21 de agosto de 2010

Drops - Agosto

Perfil do eleitor da Marina 2

Outro dia escrevi aqui que há algo inusitado no eleitorado da Marina, pois é uma candidatura que exerce forte apelo sobre pessoas mais instruídas, escolarizadas, de classe média / alta, concernidas por questões como meio-ambiente, ética, coligações etc. No que diz respeito ao comportamento, este eleitorado costuma ser progressista. Marina, por sua vez, é evangélica e mais tradicional para determinadas pautas. Na Comunidade da candidata no Orkut, um tópico expressou exatamente esta contradição. O participante coloca que vai votar na candidata verde, mas lamenta muito o fato de ela ser contra pesquisas com células-tronco embrionárias, dentre outras coisas. O criador do tópico diz: "Caramba, hein? Eu estou num conflito danado. Votarei na Marina que é: Evangélica, Contra a descriminalização do aborto, Contra a legalização da maconha, Contra o casamento de pessoas do mesmo sexo, Contra testes com células-tronco embrionárias. E eu sou: Agnóstico, A favor da descriminalização do aborto, A favor da legalização da maconha, A favor do casamento de pessoas do mesmo sexo, A favor de testes com células-tronco embrionárias. Jesus Amado!"

Cantanhêde trabalhando para salvar o PSDB

Depois da pesquisa Datafolha que colocou Dilma 17 pontos à frente de Serra, Eliane Cantanhêde, "comentarista" política da Folha, apressou-se para dizer que a petista é uma "incógnita para o Brasil". "Quando a gente escolhe um futuro presidente, a gente quer saber da personalidade, dos amigos, da equipe, dos gostos pessoais. Dilma não se expôs na campanha", alerta a jornalista. Eu ainda fico impressionado com o amadorismo desta tática do medo e da desqualificação que alguns setores tentam promover. Primeiro, que há meses Dilma se dedica diariamente a entrevistas, sabatinas, debates etc. Aliás, há poucos dias Dilma participou de um debate na própria Folha / UOL. No mínimo, a candidata concede uma breve coletiva depois de cada ato de campanha. Dilma já deu, inúmeras vezes, opiniões sobre os mais diversos temas de interesse nacional. De legalização do aborto à dívida pública. Agora, se a Cantanhêde está mais interessada nos "amigos" e nos "gostos pessoais" da Dilma, realmente imagino que o debate presidencial tenha deixado a desejar. Ainda bem! Onde já se viu priorizar as amizades ou as preferências pessoais dos presidenciáveis? Está digna de pena a situação da comentarista, e mesmo das oposições em geral.

Comentário do Luiz sobre favoritos ao Senado

Sobre o TOP 10 dos candidatos favoritos ao Senado que este blog criou, o Luiz Augusto fez um comentário bem pertinente: "Interessante ver nessa lista um grande número de ex-governadores... não é à toa que o Senado é a casa da experiência política..." Eu nem tinha percebido, mas de fato nada menos que 80% dos citados são ex-governadores. Apenas Delcídio Amaral e Humberto Costa não exerceram o cargo de governador, mas não por falta de tentativa. Ambos foram candidatos a este cargo em 2006. Como a legislação permite que os políticos desincompatibilizem-se de suas funções poucos meses antes da eleição, quase não faz sentido que um governador não dispute o senado. Com frequência, a força da máquina faz de quem está no executivo um favorito natural.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Chamada de Trabalhos: E-book Mídias Sociais e as Eleições Brasileiras de 2010

Neste post publico uma Chamada de Trabalhos para um livro eletrônico sobre Mídias Sociais e as Eleições Brasileiras de 2010, que estou organizando com a empresa PaperCliQ e a jornalista Nina Santos. Leia com atenção e não deixe de participar!


A PaperCliQ, juntamente com Nina Santos e Ruan Carlos Brito, convidam você a escrever artigo para publicação em e-book sobre Mídias Sociais e as Eleições Brasileiras de 2010.

Entre os convidados e autores que farão parte deste ebook, estão profissionais relevantes das áreas de Comunicação, Mídias Sociais e Marketing Eleitoral: Alon Feuerwerker, Carlos Manhanelli, Danila Dourado, Gil Castilho, Kadu Ciarlini, Larissa Oliveira, Marcel Ayres, Martha Gabriel, Nina Santos, Renata Cerqueira, Ruan Brito, Tarcízio Silva, Thiago Araújo dentre outros. E você também poderá participar!

Envie a sua proposta de artigo sobre a utilização de mídias sociais nas eleições de 2010. Serão selecionados mais 10 artigos, enviados por proponentes de qualquer formação, local ou profissão. As eleições deste ano representam um avanço histórico na utilização de ferramentas online. Não deixe de registrar, em nosso e-book, o seu próprio olhar sobre este processo.

Para participar, basta nos enviar uma proposta sobre o que você quer escrever, em até 300 palavras, explicando o tema a ser abordado, o recorte deste tema e a estrutura básica do artigo.


Formato da Proposta
- Enviar em .doc ou .rtf
- Até 300 palavras, explicando: tema, recorte e estrutura básica do artigo [o artigo deve ser inédito]
- Minicurrículo com até 100 palavras
- Alguns temas que podem ser abordados: uso de mídias sociais em campanhas; apropriação de conteúdos relacionados a campanhas por usuários de mídias sociais; redes, blogs, fóruns e plataformas online em geral voltadas ao tema eleitoral; movimentos virais relacionados às eleições; geolocalização e usos eleitorais de dispositivos móveis (celulares e smartphones); dentre outros.
- Os artigos finais devem ser produzidos apenas depois do aceite.

Enviar para:
ninocasan@gmail.com

Prazos:
Submissões de resumos: até o dia 29.08.2010
Resultado da seleção: 03.09.2010

Formato do Artigo Final:
- Deverá ter de 1200 a 3000 palavras (outros detalhes serão enviados para os proponentes selecionados).
- Envio do artigo final das propostas selecionadas: 30.11.2010

Produção:
Nina Santos + Ruan Carlos Brito + PaperCliQ

sábado, 31 de julho de 2010

Top 5 - Eleições mais previsíveis (Governo)

As 5 candidaturas com maiores chances de vitória, para este blog, na disputa pelos governos estaduais:

5) Sérgio Cabral – PMDB / Rio de Janeiro
Com Garotinho, do PR, na disputa, Cabral já era o grande favorito, podendo vencer no primeiro turno. Sem Garotinho na corrida sucessória, Cabral é favorito absoluto. Creio que Garotinho consiga transferir parte de seus votos para seu candidato, Fernando Peregrino – e mesmo Gabeira deve crescer – mas nada que ameace a grande probabilidade de reeleição do atual governador carioca.

4) Rosalba Ciarlini – DEM / Rio Grande do Norte
A candidata do DEMocratas é a grande favorita na disputa potiguar. Apesar de o presidente Lula apoiar adversários da candidata no estado (o que é um grande problema no Nordeste), Rosalba tem um cenário altamente favorável e uma liderança bem folgada nas pesquisas.

3) Cid Gomes – PSB / Ceará
O PSDB improvisou um palanque para Serra no estado: o do deputado estadual Marcos Cals. Também o ex-governador Lúcio Alcântara disputará a sucessão cearense. Entretanto, nenhum parece ter condições de fazer frente à pretensão de Cid de reeleger-se governador.

2) Eduardo Campos – PSB / Pernambuco
Possivelmente, Pernambuco seja o estado em que Lula tem maior influência. Campos é beneficiado pela tendência à reeleição, pela boa avaliação de seu governo e pelo apoio do presidente. Nem Jarbas Vasconcelos - PMDB, um dos políticos mais tradicionais do estado, será páreo para Campos. A reeleição é certa.

1) Renato Casagrande - PSB / Espírito Santo
A eleição mais previsível de 2010 será a de Casagrande como governador do Espírito Santo. O Senador do PSB saiu da condição de terceira via para a de candidato da situação. Depois que Ciro Gomes – do mesmo partido – foi retirado da disputa presidencial, os partidos da base de apoio ao Governador Paulo Hartung (dentre os quais, PMDB e PT) reuniram-se em torno de Casagrande. O Senador tem simpatia do eleitorado, além das máquinas estadual e federal a seu favor.

Menções Honrosas (outras vitórias muito prováveis): Geraldo Alckmin – PSDB / São Paulo; Tião Viana – PT / Acre; Zé Maranhão – PMDB / Paraíba; Marcelo Déda – PT / Sergipe.

Top 10 - Eleições mais previsíveis (Senado)

Como são muitos candidatos ao Senado este ano, o mínimo que eu consegui fazer foi um Top 10. Seguem os candidatos com maior probabilidade de vitória, na visão deste blog:

10)
Humberto Costa – PT / Pernambuco
9) Edson Lobão – PMDB / Maranhão
8) Luiz Henrique da Silveira – PMDB / Santa Catarina
7) Cássio Cunha Lima – PSDB / Paraíba
6) Delcídio Amaral – PT / Mato Grosso do Sul
5) Ivo Cassol – PR /Rondônia
4) Jorge Viana – PT /Acre
3) Wellington Dias – PT / Piauí
2) Aécio Neves – PSDB / Minas Gerais
1) Eduardo Braga – PMDB / Amazonas

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Drops - Julho

O velho Fla x Flu eleitoral

Achei bastante curioso um comentário que o Diogo Mainardi fez este mês no Manhattan Connection, programa da GNT. Sobre pesquisas eleitorais que mostraram subida de Dilma nos últimos meses, Mainardi comparou o bom desempenho da petista com o primeiro tempo do jogo entre Brasil e Holanda, na Copa de 2010. Ouço muitas pessoas criticarem revistas como a Carta Capital, ou jornalistas como o Paulo Henrique Amorim e Luís Nassif, por serem “petistas demais” e misturarem preferências pessoais com comentários políticos. Ok, ninguém é obrigado a gostar de nenhuma revista, nem de nenhum profissional da mídia. Mas quer torcida partidária mais flagrante que a do Mainardi? E ele enuncia isso com a maior naturalidade. O partidarismo flagrante não o impede de ser colunista na revista de maior tiragem e analista de um dos programas de debate político mais tradicionais do Brasil. Tudo normal, tudo lindo!

Wesley

A Polícia do Rio de Janeiro tem uma missão ingrata. Precisa derrotar o crime organizado na disputa pelo controle do território, identificar e apreender os responsáveis pelo tráfico, reduzindo a taxa de mortalidade nas ações e aumentando o número de homicídios esclarecidos. É de um malabarismo operacional quase impraticável. Eu compreendo a dificuldade do trabalho e sou solidário à polícia do Rio. Mas é realmente inadmissível que mortes como a do menino Wesley continuem acontecendo. Uma criança morrer, por causa da guerra contra o tráfico, dentro de sala de aula, com um lápis na mão, não é algo que possa acontecer em um país que se pretenda civilizado. Os policiais costumam refletir a postura sinalizada por aqueles que estão no poder. O Rio precisa de menos incitação à violência e mais inteligência nas abordagens. O problema é extremamente complexo, e não merece reducionismos ou frases feitas. Mas as autoridades cariocas poderiam rever seus discursos e sua concepção de combate à criminalidade, para que as práticas policiais sejam gradativamente alteradas.


Eliza

Acho que o mais chocante neste caso da Eliza Samúdio é que ela denunciou, com boa antecedência, tudo que viria a acontecer com ela. A riqueza de detalhes é chocante! Bruno havia antecipado cada passo do crime bárbaro que veio a cometer. Isso dá a dimensão da empáfia e da certeza de impunidade do goleiro. Ídolo nacional, talentoso e muito rico, Bruno sentia-se um semi-Deus, capaz de matar para se livrar de um incômodo. Para especialistas, trata-se do perfil típico do psicopata. As autoridades não deram ouvidos à Eliza. A moça foi tomada por uma vagabunda, uma oportunista qualquer. Ter consciência do perigo e fazer a denúncia é importante, a depender de quem você é. Para Eliza Samúdio, julgada antes e depois da morte, não fez nenhuma diferença. As denúncias públicas de Eliza tinham dois objetivos, conforme o vídeo abaixo: fazer com que Bruno fosse preso; ou responsabilizar o goleiro por qualquer coisa que viesse a acontecer com ela. Resta esperar que o segundo objetivo seja alcançado.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Eleições 2010 - Prognósticos (Senado)

Também nas eleições para o Senado, é comum surgirem resultados imprevisíveis. Entretanto, considerando as pesquisas de intenções de votos e, principalmente, fatores que deveram pesar ao longo das campanhas, o blog faz algumas apostas, utilizando categorias de probabilidade de eleição. No caso, os candidatos são separados em três grupos: aqueles que têm chances “muitos altas” (virtualmente já eleitos), os que têm “chances altas” de eleição (os candidatos realmente competitivos) e os que têm “chances medianas ou baixas” de vitória (praticamente fora da disputa).

*A ordem com que os candidatos são listados representa probabilidade de eleição.
*Foram incluídos candidatos ficha-suja, que ainda podem ter suas candidaturas impugnadas.
*São analisados todos os estados, mas não são citados todos os candidatos.


Estado

Chances Muito Altas

Chances Altas

Chances Medianas ou Baixas

S U D E S T E

São Paulo

Marta Suplicy – PT

Aloysio N. F. – PSDB

Netinho – PCdoB

O. Quércia – PMDB

R. Tuma – PTB

Rio de Janeiro

J. Picciani – PMDB

Lindberg F. – PT

César M. - DEM

M. Crivella – PRB

Marcelo. S. – PPS

Waguinho – PTdoB

Minas Gerais

Aécio N. – PSDB

F. Pimentel – PT

Itamar F. – PPS

Espírito Santo

Magno Malta – PR

R. Ferraço – PMDB

R. Camata – PSDB

S U L

Rio G. do Sul

G. Rigotto – PMDB

P. Paim – PT

Ana A. Lemos – PP

Abigail – PCdoB

Paraná

R. Requião – PMDB

Gustavo F. – PSDB

Gleisi H. – PT

Ricardo B. – PP

Santa Catarina

Luiz H. – PMDB

P. Bauer – PSDB

Cláudio V. – PT

Hugo Biel – PP

J. Ghizoni – PCdoB

W. Collyer – PPS

C E N T R O – O E S T E

Goiás

Demóstenes – DEM

Pedro Wilson – PT Lúcia Vânia – PSDB

Adib Elias – PMDB

Renner – PP

Ivair G. – PP

DF

Cristóvam B. – PDT

R. Rollemberg – PSB

M. Abadia – PSDB

A. Fraga – DEM

Mato Grosso

B. Maggi – PR

C. Abicalil – PT

Antero P. – PSBD

J. Yanai – DEM

P. Muniz – PPS

P. Taques – PDT

M. G. do Sul

Delcídio A. – PT

W. Moka – PMDB

Dagoberto N. – PDT

M. Zaiuth – DEM

N O R D E S T E

Bahia

César B. – PR

W. Pinheiro – PT

J. C. Aleluia – DEM Lídice da M. – PSB

J. Ronaldo – DEM

Edvaldo Brito – PTB

Edson Duarte – PV

Pernambuco

Humberto C. – PT

A. M. Neto – PTB

M. Maciel – DEM

R. Jungmann – PPS

Ceará

Eunício O. – PMDB

J. Pimentel – PT T. Jereissati – PSDB

R. G. do Norte

Garibaldi – PMDB

J. Agripino – DEM

Wilma de F. – PSB

Hugo Manso – PT

S. Harkradt – PCdoB

Maranhão

E. Lobão – PMDB

J. R. Tavares – PSB

João Alberto – PMDB

E. Vidigal – PSDB

Roberto R. – PSDB

Piauí

Wellington D. – PT

Heráclito F. – DEM Mão Santa – PSC

Ciro Nogueira – PP

Antônio J. M. – PT

R. Silva – PP

Alagoas

Renan C. – PMDB

Heloísa H. – PSOL

B. de Lira – PP

E. Bonfim – PCdoB

Flávio E. A. – PTB

José Costa – PPS

Paraíba

Cássio C. L. – PSDB

Vital Filho – PMDB

Efraim M. – DEM

W. Santiago – PMDB

Sergipe

A. Valadares – PSB

E. Amorim – PSC Albano F. – PSDB

José C. M. – DEM

Emanuel B. – PPS

N O R T E

Pará

Jader B. – PMDB

Paulo Rocha – PT

Flexa R. – PSDB

F. Yamada – PSDB

Prof. Neide – PSB

Amazonas

Eduardo B. – PMDB

V. Graziotin – PCdoB Arthur V. – PSDB

Marinele C. – PT

Jefferson P. – PDT

Acre

Tião Viana – PT

S. Petecão – PMN

Edvaldo M. – PCdoB

João C. – PMDB

Rondônia

Ivo Cassol – PP

V. Raupp – PMDB

Fátima C. – PT

Agnaldo M. – PSC

Roraima

Romero Jucá – PMDB

Ângela Portela – PT

Marluce P. – PSDB

Tocantins

M. Miranda – PMDB

João Ribeiro – PR

Paulo Mourão – PT

Vicentinho A. – PR

Amapá

Papaléo P. – PSDB

Waldez Góes – PDT Gilvam B. – PMDB

J. Capiberibe – PSB

Astalair M. – PCdoB