sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Aniversário de 1 ano do Blog

É com muita satisfação que escrevo este texto de "comemoração" de 1 ano do Blog do Crápula Mor. Quando decidi criar este blog, eu estava passando uma temporada em São Paulo, morando sozinho pela primeira vez na vida, fazendo uns cursos de pós-graduação em Comunicação na USP. Foi uma época muito difícil. Várias frustrações, um sentimento de solidão e uma dificuldade tremenda para me adaptar a este ritmo louco, frenético, da cidade da garoa. Naquela época, senti vontade de voltar a escrever. Um hábito que exerci em alguns momentos da minha vida, mas que sempre acabei abandonando, cedo ou tarde. Como sempre, costumo escrever sobre aquilo que me revolta ou indigna. Percebi, e ainda percebo, que muitas coisas precisam ser ditas. Especialmente, como vocês sabem, sobre política e mídia. Agora, por pura coincidência, estou de novo em São Paulo. Mas, desta vez, apenas de passagem e mais feliz.

Foi um ano de dedicação a uma causa em que eu acredito muito. Primeiramente, a política em si. Não como um fim nela própria, mas como um instrumento de transformação, de busca de um bem coletivo, nunca tão nítido, sempre questionável, mas que deve ser buscado por todos. Por maiores que sejam as nossas decepções com os políticos ou governos, a saída não é correr da política, mas correr PARA a política, participando, fiscalizando, debatendo, se informando, exercendo nossa cidadania. Não teremos o direito de cobrar do poder público se não cumprimos nosso dever básico de estar a par dos acontecimentos. Depois, procuro pautar outra discussão que considero igualmente importante: os posicionamentos da grande mídia. Os veículos de comunicação de massa possuem um trunfo bastante poderoso, a visibilidade social. Esta moeda de troca simbólica é extremamente valiosa nas negociações coletivas.

Não acredito em "manipulação" da audiência. Este é um termo recorrente nas discussões sobre mídia, mas deveras equivocado. As Teorias da Comunicação contemporâneas demonstram o quanto esta visão mecanicista do processo comunicativo é inadequada. As pessoas não são "manipuláveis". Ao contrário, moldam o conteúdo midiático de acordo com as suas visões de mundo, suas convicções, subjetividades. Não são isoladas, mas interagem com seus pares, inseridas em seus respectivos contextos, transformando e adaptando aquilo que recebem dos meios de comunicação. Esta é uma idéia da qual eu estou plenamente convencido. Entretanto, isto não invalida a percepção crítica da mídia. A cobrança que este blog faz, em conjunto com tantos outros, é por uma mídia plural, em que haja menos consenso e mais divergência. Que os "especialistas", comentaristas e editoriais não reproduzam em perfeita sincronia as mesmas opiniões, interpretações e conclusões, muitas vezes estapafúrdias.


A sociedade brasileira é extramente plural, seja do ponto de vista político, social ou cultural. A mídia de massa deveria refletir minimamente esta diversidade, e não reproduzir o pensamento de uma única corrente política, de maneira velada e cínica. Se há um alinhamento partidário por parte do veículo de comunicação, e consequentemente de seus jornalistas, que pelo menos isto fique claro e declare-se apoio a um ou outro candidato em período de eleição. É o mais honesto a se fazer. Infelizmente, neste país, esta idéia é absurda, pois a visão que se tem do jornalismo é de algo acima do bem e do mal, imaculado, "imparcial". Na verdade, não existe imparcialidade ou neutralidade. A linguagem não é neutra, as palavras e as idéias têm pesos, conotações, sugestões. Os jornalistas, antes de qualquer coisa, são seres humanos, com opiniões, convicções, posições. Se optarem por não estabelecer vínculo com nenhum grupo político, que permaneçam fiéis aos fatos nas notícias e sejam plurais nos editoriais. Não é isso que vemos!


É muito difícil defender esta tese! Na maioria das vezes, é algo sutil. Sempre, questionável e relativo. A proposta deste blog é demonstrar exemplos concretos e específicos da chamada "partidarização" da mídia. Em tempos de eleição - especialmente as presidenciais, como vimos no post anterior - este processo se intensifica, já que há muito em jogo. No entanto, cotidianamente verificamos excessos, mais ou menos graves. É isto que pauta este blog. Já recebi cobranças para postar mais vezes, mas não é sempre que tenho algo relevante para dizer. A idéia é que este espaço seja uma coluna, aproximadamente semanal. O máximo que eu poderia fazer seria aumentar as postagens para 5 ou 6 por mês. Também dependerá da minha disponibilidade de tempo no ano que vem. Para terminar, não posso deixar de fazer agradecimentos especiais a frequentadores assíduos deste blog. Sou grato a cada visita ou comentário feito, mas dedico este texto ao Briguilino, ao Igor (Interferente), ao Luís Augusto Seguin (grande amigo) e ao Danilo (que fez a arte do Blog). Obrigado! Espero "comemorar" muitos aniversários como este!

5 comentários:

  1. 1 ano, que boa notícia! E ainda sou citado nela, hehehe. Valeu!

    No mais, mantenho o que já disse a Íris, Luana e outros que se interessam por blogs: recomendo vivamente o "Crápula Mor" nao apenas por ser de um autor conhecido nosso, mas por realmente levar a sério a sua proposta de provocar reflexoes e debates, baseados em fatos nao em achismos ou conveniencias, sobre a importancia da política e da mídia. Isso importa a qualquer cidadao, mas merece atencao especial de quem lida com a Comunicacao, como é nosso caso.

    Parabéns e sucesso por mais anos!

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  2. "Por maiores que sejam as nossas decepções com os políticos ou governos, a saída não é correr da política, mas correr PARA a política, participando, fiscalizando, debatendo, se informando, exercendo nossa cidadania"....
    Para alguém que se intitula um "Crápula", tens uma visão bem otimista da coisa. Rsrsrs!!
    Parabéns pelo aniversário e pelas "reflexões provocadas", subscrevendo o Igor (por quem também conheci o blog).
    Agora, se estudastes com o Igor, a Íris e a Luana, também estudastes comigo... Mas não sei quem és tu! Quem és tu? Rsrsrsrs!!

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  3. O tempo passa, o tempo voa e você continua escrevendo numa boa (e bem).
    Parabens Crapula.

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