Esses dias, terminei de ler o excelente “A mídia nas eleições de 2006”, uma coletânea de artigos organizada por Venício A. de Lima. O livro trata, como o nome já sugere, do trabalho da mídia na cobertura da eleição que deu a segunda vitória de Lula na busca pela presidência. A publicação parte do pressuposto de que o candidato eleito em 2006 não era o preferido dos principais veículos de comunicação, e demonstra isso com análises, exemplos, argumentos objetivos, gráficos, estatísticas etc. A tese central de “A mídia nas eleições 2006”, compartilhada por vários blogs (inclusive este), está clara e fartamente ilustrada ao longo dos 11 capítulos e importantes anexos. O livro é dividido em 3 partes: I – Como foi a cobertura das eleições na mídia?, II – Qual foi o papel da mídia e III – O que é necessário fazer? Os anexos também são interessantíssimos. Incluem, por exemplo, a Carta do jornalista global, Rodrigo Vianna, que revela o procedimento dos Marinho naquela eleição.
A primeira parte traz levantamentos feitos por 3 instituições de pesquisa independentes: o Observatório Brasileiro de Mídia – OBM / MWG (capítulo brasileiro do Media Watch Global); o DOXA – Laboratório de Pesquisa em Comunicação Política o Opinião Pública do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro); e o CAEPM – Centro de Altos Estudos em Publicidade e Marketing da ESPM (da Escola Superior de Propaganda e Marketing). As metodologias utilizadas e os veículos analisados são diferentes, mas os resultados demonstram, com gráficos, como os principais grupos da mídia impressa, com destaque para Veja, O Estado de São Paulo, Folha e O Globo, fizeram uma cobertura majoritariamente positiva para Alckmin e majoritariamente negativa para Lula, tanto no que diz respeito à notícias, quanto no que diz respeito aos editoriais. Temos a comprovação científica deste processo de partidarização da mídia de massa. O último capítulo da primeira parte destaca a importância da Internet na campanha presidencial.
Na segunda parte, artigos analisam casos grotescos de incoerência da grande Imprensa. O do jornalista Renato Rovai, por exemplo, discute a insignificante repercussão que a mídia deu ao caso das compras de votos para a reeleição de FHC, em 1997. À época, o jornalista Fernando Rodrigues gravou conversas com parlamentares governistas do Acre, os quais admitiam a compra de votos por 200 mil reais. Ao invés de denunciar o caso em si, “o debate midiático ficou centrado na forma como as declarações do deputados foram obtidas”, totalmente diferente do que aconteceu com o caso do “mensalão”. Rovai lembra ainda do caso do dólar na cueca, em que as matérias invariavelmente traziam o PT já na manchete. Enquanto que o caso do assessor de Cássio Cunha Lima, candidato do PSDB ao governo de Alagoas, que portava um volume de dinheiro sem explicação clara, ganhou destaque no G1 da seguinte forma: “assessor de candidato da Paraíba é pego com R$ 42,9 mil”. Nenhuma referência ao partido.
Na terceira parte, Luís Felipe Miguel tenta responder à pergunta “o que é necessário fazer para aprimorar o funcionamento da mídia na democracia brasileira?”. O autor chega a importantes conclusões, muitas já apontadas por blogs. Em determinado trecho, lemos que “o debate público fica sumamente empobrecido e unilateral. É possível dizer, sem sombra de dúvidas, que a ampliação do pluralismo dos meios de comunicação é um dos desafios centrais para o aprimoramento da democracia brasileira”. Bandeiras e idéias já defendidas aqui, por exemplo, mas desenvolvidas de maneira mais rica em “A mídia nas eleições de 2006”. O livro contém ainda capítulos escritos por Paulo Henrique Amorim, Luís Nassif, além de vários jornalistas e pesquisadores, muitos deles acadêmicos de formação invejável. Todos trazem aspectos relevantes da questão, como a publicação de suspeitas sem a devida confirmação, alinhamento com determinados grupos políticos e criminalização de outros, a homogeneidade das análises dos comentaristas da mídia etc. Toda a leitura é extremamente esclarecedora, imperdível!
A primeira parte traz levantamentos feitos por 3 instituições de pesquisa independentes: o Observatório Brasileiro de Mídia – OBM / MWG (capítulo brasileiro do Media Watch Global); o DOXA – Laboratório de Pesquisa em Comunicação Política o Opinião Pública do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro); e o CAEPM – Centro de Altos Estudos em Publicidade e Marketing da ESPM (da Escola Superior de Propaganda e Marketing). As metodologias utilizadas e os veículos analisados são diferentes, mas os resultados demonstram, com gráficos, como os principais grupos da mídia impressa, com destaque para Veja, O Estado de São Paulo, Folha e O Globo, fizeram uma cobertura majoritariamente positiva para Alckmin e majoritariamente negativa para Lula, tanto no que diz respeito à notícias, quanto no que diz respeito aos editoriais. Temos a comprovação científica deste processo de partidarização da mídia de massa. O último capítulo da primeira parte destaca a importância da Internet na campanha presidencial.
Na segunda parte, artigos analisam casos grotescos de incoerência da grande Imprensa. O do jornalista Renato Rovai, por exemplo, discute a insignificante repercussão que a mídia deu ao caso das compras de votos para a reeleição de FHC, em 1997. À época, o jornalista Fernando Rodrigues gravou conversas com parlamentares governistas do Acre, os quais admitiam a compra de votos por 200 mil reais. Ao invés de denunciar o caso em si, “o debate midiático ficou centrado na forma como as declarações do deputados foram obtidas”, totalmente diferente do que aconteceu com o caso do “mensalão”. Rovai lembra ainda do caso do dólar na cueca, em que as matérias invariavelmente traziam o PT já na manchete. Enquanto que o caso do assessor de Cássio Cunha Lima, candidato do PSDB ao governo de Alagoas, que portava um volume de dinheiro sem explicação clara, ganhou destaque no G1 da seguinte forma: “assessor de candidato da Paraíba é pego com R$ 42,9 mil”. Nenhuma referência ao partido.
Na terceira parte, Luís Felipe Miguel tenta responder à pergunta “o que é necessário fazer para aprimorar o funcionamento da mídia na democracia brasileira?”. O autor chega a importantes conclusões, muitas já apontadas por blogs. Em determinado trecho, lemos que “o debate público fica sumamente empobrecido e unilateral. É possível dizer, sem sombra de dúvidas, que a ampliação do pluralismo dos meios de comunicação é um dos desafios centrais para o aprimoramento da democracia brasileira”. Bandeiras e idéias já defendidas aqui, por exemplo, mas desenvolvidas de maneira mais rica em “A mídia nas eleições de 2006”. O livro contém ainda capítulos escritos por Paulo Henrique Amorim, Luís Nassif, além de vários jornalistas e pesquisadores, muitos deles acadêmicos de formação invejável. Todos trazem aspectos relevantes da questão, como a publicação de suspeitas sem a devida confirmação, alinhamento com determinados grupos políticos e criminalização de outros, a homogeneidade das análises dos comentaristas da mídia etc. Toda a leitura é extremamente esclarecedora, imperdível!
Gostava dos textos do Venicio A. de Lima na faculdade. Anotei a recomendacao. Vou procurar!
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