Convergência. A CNN, a repórter e o holograma.
Na cobertura da apuração das eleições americanas, uma repórter foi projetada para “dentro” do estúdio da CNN, via holograma. A imagem da repórter ainda apresentava aquele contorno típico de efeitos que ainda precisam ser aperfeiçoados, mas foi sem dúvidas um feito extraordinário e inédito. Quando esta tecnologia for mais bem desenvolvida e difundida, permitirá formatos e experiências televisivas revolucionárias. Jornalistas em diversos lugares do mundo poderão “aparecer” no mesmo estúdio, trazendo informações relevantes em perfeita sincronia. É a era da convergência, do casamento cada vez mais perfeito entre mídias eletrônicas e digitais. As trajetórias tecnológicas já não podem mais ser desassociadas, elas compõem um mosaico flexível e mutável, em que determinados elementos apresentam maior ou menor importância em dado momento histórico. Chegou a hora do digital.
Pesos e medidas. O caso Eloá, a mídia e o viés político.
Noblat, em seu blog, avalia que “não interessa quem atirou primeiro” no caso da operação policial que tentou resgatar Eloá do seqüestro em Santo André. Para o jornalista, “a polícia fez o que deveria ser feito, só que com atraso”. Acontece que este “atraso” fez toda a diferença. Se era pra arrombar o apartamento, que tivessem feito isso antes, e em um momento de vulnerabilidade do seqüestrador. E se decidiram esperar, que esperassem até que Lindemberg resolvesse se entregar. Enfim, uma operação desastrosa, com inúmeros equívocos, como o retorno de Nayara ao apartamento, dentre vários outros já apontados por especialistas. Mas, antes de tudo, uma fatalidade. Entretanto, fatalidades já foram alvo de debate político, como aconteceu com os acidentes de avião da GOL e da TAM, em que o Governo Lula foi responsabilizado pelas mortes, mesmo antes de qualquer evidência pericial. O programa Saia Justa chamou um psiquiatra para pedir a cabeça de Ministros. No caso Eloá, que envolve o Governo Serra, jornalistas operam uma verdadeira blindagem. Eu sei que seria irresponsável culpar Serra pela morte da menina, mas é interessante ver a troca do viés político por parte da mídia, dependendo do Governo em questão.
Selvageria. O Exército, o gás de pimenta e o cassetete elétrico.
Um jovem de 16 anos prestou queixa na delegacia alegando ter sido queimado depois de pular o muro de uma fábrica desativada do Exército, em Realengo, no Rio. De acordo com a Secretaria estadual de Saúde, o jovem apresenta uma grave lesão nos olhos e corre o risco de perder a visão. "Sei que eu estava errado, mas me barbarizaram", disse o jovem, que está internado no Centro de Tratamento de Queimados do Hospital Pedro II, em Santa Cruz, com queimaduras de primeiro e segundo graus nas pernas, braços e rosto. Provavelmente, as queimaduras foram causadas pelo uso de gás de pimenta combinado com cassetete elétrico. A freqüência com que estes casos surgem da mídia (que indicam uma freqüência ainda maior de ocorrência) sugere que este procedimento não é exceção, é regra na abordagem militar – especialmente no Rio de Janeiro. Não faz nenhuma diferença que este jovem seja usuário de maconha ou tenha pulado o muro. Um militar deve estar preparado para outro tipo de procedimento, de preferência, que não envolva tortura. Além de extremamente covarde, este tipo de “barbárie”, como bem classificou a vítima, revela uma mente doente, primitiva. Por que tipo humilhação estes militares passam em seus treinamentos para voltarem à sociedade deste jeito?
Desregulados. Os 3 jovens, o estupro e o vídeo.
Em Jaçobá / SC, 3 jovens – dois universitários de 18 anos e um estudante de ensino médio com 16 – agrediram e estupraram uma adolescente de 15 anos em uma festa. Não satisfeitos, os garotos filmaram o ato e publicaram na internet. São 3 os jovens que aparecem neste vídeo, mas 4, 5, 10, 50 possivelmente seriam capazes de realizar o mesmo crime. Quantas dezenas de outros jovens não assistiram ao tal vídeo na internet e acharam engraçado ou não viram nada de mais? A única certeza é a de que estes 3 jovens não são “doentes mentais” que por coincidência encontraram-se na mesma turma. Este caso não revela um distúrbio. Ao contrário, revela um padrão, é sintomático. Sintomático de uma dinâmica coletiva deturpada que impera principalmente entre adolescentes. Na busca por aprovação, aceitação, inserção, adolescentes aderem às regras do grupo e não conseguem reconhecer a sua própria identidade, suas preferências, suas convicções. O filtro que regula o que é eles e o que são os outros é desregulado. O adolescente perde sua capacidade de discernimento e o filtro não consegue mais reter nem mesmo o que é antiético ou imoral. Quem pode ajustar isso são os pais, com diálogo, acompanhamento e, acima de tudo, interesse pelos filhos.
Boas Novas. O Cacciola, a condenação e os tucanos.
Finalmente, Salvatore Cacciola foi condenado. Por unanimidade, o TRF (Tribunal Regional Federal) da 2ª Região manteve a condenação feita em 2005 de 13 anos de prisão para o ex-banqueiro, por crimes contra o Sistema Financeiro. Cacciola, ex-dono do Banco Marka, foi protagonista de um dos maiores escândalos do país. O caso atingiu diretamente o então presidente do Banco Central, Francisco Lopes, durante o Governo FHC. Prisões e, especialmente, condenações de homens como Cacciola instauram neste país um novo paradigma, em que crimes de colarinho branco são punidos. Hoje, isto é possível por causa de uma Polícia Federal, um Ministério Público, um Procurador Geral que servem para alguma coisa, diferentemente da época dos tucanos. A PF está produzindo um novo relatório da Satiagraha contra Daniel Dantas, ao que parece, mais sólido que aquele apresentado pelo delegado Protógenes. Aguardaremos ansiosos por um resultado parecido. Agora vai!
Na cobertura da apuração das eleições americanas, uma repórter foi projetada para “dentro” do estúdio da CNN, via holograma. A imagem da repórter ainda apresentava aquele contorno típico de efeitos que ainda precisam ser aperfeiçoados, mas foi sem dúvidas um feito extraordinário e inédito. Quando esta tecnologia for mais bem desenvolvida e difundida, permitirá formatos e experiências televisivas revolucionárias. Jornalistas em diversos lugares do mundo poderão “aparecer” no mesmo estúdio, trazendo informações relevantes em perfeita sincronia. É a era da convergência, do casamento cada vez mais perfeito entre mídias eletrônicas e digitais. As trajetórias tecnológicas já não podem mais ser desassociadas, elas compõem um mosaico flexível e mutável, em que determinados elementos apresentam maior ou menor importância em dado momento histórico. Chegou a hora do digital.
Pesos e medidas. O caso Eloá, a mídia e o viés político.
Noblat, em seu blog, avalia que “não interessa quem atirou primeiro” no caso da operação policial que tentou resgatar Eloá do seqüestro em Santo André. Para o jornalista, “a polícia fez o que deveria ser feito, só que com atraso”. Acontece que este “atraso” fez toda a diferença. Se era pra arrombar o apartamento, que tivessem feito isso antes, e em um momento de vulnerabilidade do seqüestrador. E se decidiram esperar, que esperassem até que Lindemberg resolvesse se entregar. Enfim, uma operação desastrosa, com inúmeros equívocos, como o retorno de Nayara ao apartamento, dentre vários outros já apontados por especialistas. Mas, antes de tudo, uma fatalidade. Entretanto, fatalidades já foram alvo de debate político, como aconteceu com os acidentes de avião da GOL e da TAM, em que o Governo Lula foi responsabilizado pelas mortes, mesmo antes de qualquer evidência pericial. O programa Saia Justa chamou um psiquiatra para pedir a cabeça de Ministros. No caso Eloá, que envolve o Governo Serra, jornalistas operam uma verdadeira blindagem. Eu sei que seria irresponsável culpar Serra pela morte da menina, mas é interessante ver a troca do viés político por parte da mídia, dependendo do Governo em questão.
Selvageria. O Exército, o gás de pimenta e o cassetete elétrico.
Um jovem de 16 anos prestou queixa na delegacia alegando ter sido queimado depois de pular o muro de uma fábrica desativada do Exército, em Realengo, no Rio. De acordo com a Secretaria estadual de Saúde, o jovem apresenta uma grave lesão nos olhos e corre o risco de perder a visão. "Sei que eu estava errado, mas me barbarizaram", disse o jovem, que está internado no Centro de Tratamento de Queimados do Hospital Pedro II, em Santa Cruz, com queimaduras de primeiro e segundo graus nas pernas, braços e rosto. Provavelmente, as queimaduras foram causadas pelo uso de gás de pimenta combinado com cassetete elétrico. A freqüência com que estes casos surgem da mídia (que indicam uma freqüência ainda maior de ocorrência) sugere que este procedimento não é exceção, é regra na abordagem militar – especialmente no Rio de Janeiro. Não faz nenhuma diferença que este jovem seja usuário de maconha ou tenha pulado o muro. Um militar deve estar preparado para outro tipo de procedimento, de preferência, que não envolva tortura. Além de extremamente covarde, este tipo de “barbárie”, como bem classificou a vítima, revela uma mente doente, primitiva. Por que tipo humilhação estes militares passam em seus treinamentos para voltarem à sociedade deste jeito?
Desregulados. Os 3 jovens, o estupro e o vídeo.
Em Jaçobá / SC, 3 jovens – dois universitários de 18 anos e um estudante de ensino médio com 16 – agrediram e estupraram uma adolescente de 15 anos em uma festa. Não satisfeitos, os garotos filmaram o ato e publicaram na internet. São 3 os jovens que aparecem neste vídeo, mas 4, 5, 10, 50 possivelmente seriam capazes de realizar o mesmo crime. Quantas dezenas de outros jovens não assistiram ao tal vídeo na internet e acharam engraçado ou não viram nada de mais? A única certeza é a de que estes 3 jovens não são “doentes mentais” que por coincidência encontraram-se na mesma turma. Este caso não revela um distúrbio. Ao contrário, revela um padrão, é sintomático. Sintomático de uma dinâmica coletiva deturpada que impera principalmente entre adolescentes. Na busca por aprovação, aceitação, inserção, adolescentes aderem às regras do grupo e não conseguem reconhecer a sua própria identidade, suas preferências, suas convicções. O filtro que regula o que é eles e o que são os outros é desregulado. O adolescente perde sua capacidade de discernimento e o filtro não consegue mais reter nem mesmo o que é antiético ou imoral. Quem pode ajustar isso são os pais, com diálogo, acompanhamento e, acima de tudo, interesse pelos filhos.
Boas Novas. O Cacciola, a condenação e os tucanos.
Finalmente, Salvatore Cacciola foi condenado. Por unanimidade, o TRF (Tribunal Regional Federal) da 2ª Região manteve a condenação feita em 2005 de 13 anos de prisão para o ex-banqueiro, por crimes contra o Sistema Financeiro. Cacciola, ex-dono do Banco Marka, foi protagonista de um dos maiores escândalos do país. O caso atingiu diretamente o então presidente do Banco Central, Francisco Lopes, durante o Governo FHC. Prisões e, especialmente, condenações de homens como Cacciola instauram neste país um novo paradigma, em que crimes de colarinho branco são punidos. Hoje, isto é possível por causa de uma Polícia Federal, um Ministério Público, um Procurador Geral que servem para alguma coisa, diferentemente da época dos tucanos. A PF está produzindo um novo relatório da Satiagraha contra Daniel Dantas, ao que parece, mais sólido que aquele apresentado pelo delegado Protógenes. Aguardaremos ansiosos por um resultado parecido. Agora vai!
Crapula, aproveita e faz o favor de clikaaar nos anúncios do blog do briguilino, ele precisa de cada clik.
ResponderExcluirEsse casso do estupro foi um absurdo mesmo, e para piora ainda exporam a menina colocando tudo na internet. Eu acho que eles merece ser pressos sim.
ResponderExcluirhttp://daniel.a.s.zip.net
Bom gostei do notíciario. Diversos drops, interessantes.
ResponderExcluirO acontecimento em Santo André só tem uma palavra para descrever: BIZARRO.
Ainda não entendo como a polícia conseguiu ser tão mané em uma situaçaõ tão delicada. Também achei rídicula a atuação de alguns programas de TV (dos quais nem é legal citar os nomes).
Entendo como a desgraça alheia vende muito bem, mas sempre que os profissionais de imprensa são obrigados pelos seus chefes a vender carniça me embrulha o estômago.
É foda né companheiro.
Sabe, depois de ler sobre Santo André, a selvageria dos militares e o vídeo de estupro, foi bom ler as "boas novas" no fim. Justica (p{pública e comprovada) merece ser divulgada!
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