sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Tão previsível que surpreende (o caso Verônica Serra nas eleições 2010)

O Tribunal Superior Eleitoral puniu a campanha de Dilma, em função de críticas que candidatos a deputados de Santa Catarina fizeram ao governo Fernando Henrique. Especificamente, os aliados de Dilma falaram que a falta de investimentos de FHC e Serra (à época, Ministro do Planejamento) ocasionaram o apagão em Florianópolis. O TSE entendeu que, apesar de Dilma não ser mencionada, nem mostrada no espaço televisivo, houve “propaganda negativa do adversário”. Pois bem, o Serra está indo á televisão dizer que a quebra de sigilo de sua filha, feita com documentos falsos, foi orquestrada, não apenas pelo PT, como pela campanha da Dilma, com objetivos político-eleitorais. A coligação de Serra chegou a pedir a cassação do registro da candidatura de Dilma, por causa deste episódio.

Alguém minimamente crítico, e com o mínimo de vergonha na cara, consegue ignorar que estes escândalos midiáticos, às vésperas de eleição, sempre beneficiam a campanha do PSDB? Nesta quinta, o programa na TV do Serra foi praticamente uma extensão do Jornal Nacional, ainda veio recheado de matérias da Folha, e destacou trechos de uma coluna da Dora Kramer no Estadão! Vejam a que ponto chega o alinhamento mídia / oposição. A principal contribuição da Imprensa para o PSDB é construir as bases do discurso tucano, reforçar e legitimar as acusações de Serra contra Dilma. Claro, sempre com esse tom alarmista, mexicanizado, pra chocar os cidadãos e ajudar na desestabilização da disputa. Não há qualquer indício de envolvimento da campanha petista com esta solicitação de informações junto à Receita! Se o TSE – que puniu a campanha da Dilma por críticas feitas por terceiros à gestão tucana – for minimamente coerente, o Serra precisa ser punido por esta irresponsabilidade.

Não é possível que este padrão continue se repetindo. Pegam um caso totalmente isolado, que pode ter sido armado por qualquer um, e tentam incriminar um projeto político de cunho popular. Eu quero lembrar que da última vez que acusaram a Dilma de montar dossiês, a Polícia Federal acabou descobrindo que, apesar do material ter sido vazado por um funcionário da Casa Civil petista, a solicitação partiu do senador tucano Álvaro Dias! Fato solenemente ignorado pela grande mídia! Quem sofreu todo o desgaste do processo naquele episódio foi o Governo e, em parte, a própria Dilma. Ninguém sabe ainda quem está por trás desta quebra de sigilo fiscal da filha do Serra. Ainda que seja alguém ligado ao PT – ou adversário do PSDB, daí à Dilma ter responsabilidade vai um abismo de distância.

A candidatura governista sempre foi favorita, mesmo quando estava atrás nas pesquisas, tanto que este blog e muitos outros antecipamos há meses a possibilidade de vitória no primeiro turno. Esta liderança nas pesquisas – ainda que com magnitude surpreendente – apenas consolidou um quadro que já estava desenhado. Toda a conjuntura favorecia a Dilma, e ainda favorece. Seria um tiro no pé, o cúmulo da estupidez, e mais: do amadorismo político, recorrer a um expediente como este. Nenhuma grande campanha (como a da Dilma, do Serra e da Marina) cometeria um erro tão crasso. A exploração política deste episódio está sendo feita pela oposição e, de novo, pela mídia. É inacreditável que usem a mesma estratégia da eleição presidencial imediatamente anterior. “Não votem no PT porque no PT tem aloprados, e eles não respeitam a democracia”.

A candidatura tucana caminhava para uma derrota fragorosa, retumbante, agora os ânimos oposicionistas estão atiçados novamente. Não apenas porque se almeja prejudicar a candidatura Dilma, mas também – talvez, principalmente – para reduzir o tamanho da vitória governista. Não somente Dilma venceria. Dilma venceria, em primeiro turno, com uma diferença de o dobro de votos do adversário, em estados considerados redutos tucanos, arrastando uma bancada imponente para a Câmara e para o Senado, e dando enorme impulso para os candidatos governistas que fossem ao segundo turno nas disputas estaduais. É fundamental compreender este aspecto. Determinados setores da sociedade não aceitariam de maneira nenhuma e não suportariam uma derrota deste tamanho. Era preciso fazer alguma coisa. Será suficiente para mudar o destino das coisas?

Um comentário:

  1. "Será suficiente para mudar o destino das coisas?". Acho que isso é o que passa pela cabeça de todo eleitor. Em 2010, a força política da Dilma é inegável. Já ouvi até boatos sobre um possível golpe que está sendo arquitetado pelo candidato tucano para impedir uma vitória de primeiro turno da candidata petista... Será que isso pode ser??? De qualquer modo, as informações encontradas aqui clareiam muitas obscuridades e auxiliam em decisões. Eu votaria na Marina, por puro ideologismo, mas me encontrei também no comentário do eleitor que encontraste no orkut sobre os posicionamentos conservadores dela... Rsrsrsrs!!

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