Já conversamos aqui sobre o enquadramento predominantemente negativo que a Imprensa atribui à Dilma, não? Falei disso em alguns vários textos. Enquadramento é a seleção de alguns aspectos, com omissão de outros, na interpretação de um objeto. A mídia sempre enquadra objetos em suas coberturas, ou seja, salienta determinados aspectos, e deixa outros de fora. Especialmente nos programas televisivos especializados no debate político e na mídia impressa, o enquadramento utilizado para Dilma, na grande maioria das vezes, seleciona aspectos pejorativos. Dilma é retratada, com maior freqüência, como alguém ríspida, dura, inflexível. Mesmo o termo “grosseira” eu já ouvi algumas vezes em programas políticos. Pra vocês terem uma idéia, a Folha publicou que um secretário do Ministério da Integração Nacional chegou a pedir demissão, depois de uma reprimenda segura de Dilma, em uma reunião. O Globo, por sua vez, deu conta de que Dilma já fez até marmanjo chorar. No caso, o José Sérgio Grabrielli, atual presidente da Petrobras. Daí vocês tiram o quão intratável e insuportável deve ser esta mulher...
Coitada da jornalista quase apanha, por perguntar ao Serra se dá pra fazer governo sem Mensalão e se ele sente vergonha por já ter sido aliado de Arruda. Eu até entendo que estes assuntos que envolvem a própria honra mexem com os brios do candidato. Juro, até entendo o Serra. Se eu vir uma pessoa na minha frente insinuando que eu tenho qualquer tipo de desvio ético, não acho que eu reagiria calmamente. Candidatos também são humanos. Mais uma vez, o que eu quero aqui é chamar atenção para as diferenças no tratamento que são concedidos aos candidatos. Lembram quando a Dilma chamou uma jornalista de “minha filha”? O mundo caiu na cabeça dela. “Minha filha”, “meu querido”, são de fato tratamentos que devem ser execrados do discurso de um presidenciável. Mas bastou isso para que blogueiros e colunistas mídia à fora registrassem o temperamento descontrolado da petista. O Gilberto Dimenstein já reduziu a Dilma a “uma sisuda burocrata, que nunca teve nenhum voto”.
Eu até considero o Dimenstein um colunista dos mais equilibrados, mas a expressão que ele usou é sintomática do enquadramento de Dilma que predomina na cobertura especializada em política. Hoje, ao tentar posar de defensor dos juros baixos (apesar de ter pertencido ao Governo que elevou a taxa básica de juros a 26,5% aa – hoje, ela está em 9,5%), Serra utilizou as seguintes expressões em uma resposta a a Miriam Leitão: “Imagina, Míriam, o que é isso? Mas que bobagem. O que você está dizendo, você vai me perdoar, é uma grande bobagem. [...] Aaaah, tenha santa paciência!”. Serra não “foi visto” dando esta resposta, foi gravado. Agora, imaginem se fosse Dilma a tratar uma eminente jornalista nestes termos. O que os especialistas em cobertura política estariam dizendo neste exato momento? Vocês já viram alguém nos veículos de comunicação (além do Ciro Gomes) tachando o Serra como autoritário, truculento ou grosseiro? A verdade é que o Serra pode tratar esses caras como bem quiser, sabe que tem as costas quentes.
Claro que a Imprensa sempre faz questão de pontuar o quanto esta personalidade dificílima de Dilma terá implicações políticas, como afastamento de partidos aliados e antipatia do eleitorado. Para aqueles mais rigorosos, é bom registrar que muito destes episódios que revelam o destempero de Dilma não foram exatamente comprovados. O texto do Globo é: “O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, já foi visto chorando, após ser humilhado por Dilma, certa vez, numa conversa telefônica.” Já foi visto. Por quem, quando, onde, não se sabe. Uma coisa assim, meio Leão Lobo, Nelson Rubens da política. “O ator fulano foi visto na companhia de uma bela mulher, que não era a sua esposa e mãe dos seus filhos”. Aliás, eu vejo pouquíssima diferença entre esse “jornalismo” de celebridades e o jornalismo político, no Brasil, em certos momentos. Qualquer dia faço um texto sobre isso. Pois bem, o Serra não “foi visto”, foi filmado, fazendo isso aqui:
Coitada da jornalista quase apanha, por perguntar ao Serra se dá pra fazer governo sem Mensalão e se ele sente vergonha por já ter sido aliado de Arruda. Eu até entendo que estes assuntos que envolvem a própria honra mexem com os brios do candidato. Juro, até entendo o Serra. Se eu vir uma pessoa na minha frente insinuando que eu tenho qualquer tipo de desvio ético, não acho que eu reagiria calmamente. Candidatos também são humanos. Mais uma vez, o que eu quero aqui é chamar atenção para as diferenças no tratamento que são concedidos aos candidatos. Lembram quando a Dilma chamou uma jornalista de “minha filha”? O mundo caiu na cabeça dela. “Minha filha”, “meu querido”, são de fato tratamentos que devem ser execrados do discurso de um presidenciável. Mas bastou isso para que blogueiros e colunistas mídia à fora registrassem o temperamento descontrolado da petista. O Gilberto Dimenstein já reduziu a Dilma a “uma sisuda burocrata, que nunca teve nenhum voto”.
Eu até considero o Dimenstein um colunista dos mais equilibrados, mas a expressão que ele usou é sintomática do enquadramento de Dilma que predomina na cobertura especializada em política. Hoje, ao tentar posar de defensor dos juros baixos (apesar de ter pertencido ao Governo que elevou a taxa básica de juros a 26,5% aa – hoje, ela está em 9,5%), Serra utilizou as seguintes expressões em uma resposta a a Miriam Leitão: “Imagina, Míriam, o que é isso? Mas que bobagem. O que você está dizendo, você vai me perdoar, é uma grande bobagem. [...] Aaaah, tenha santa paciência!”. Serra não “foi visto” dando esta resposta, foi gravado. Agora, imaginem se fosse Dilma a tratar uma eminente jornalista nestes termos. O que os especialistas em cobertura política estariam dizendo neste exato momento? Vocês já viram alguém nos veículos de comunicação (além do Ciro Gomes) tachando o Serra como autoritário, truculento ou grosseiro? A verdade é que o Serra pode tratar esses caras como bem quiser, sabe que tem as costas quentes.
Seu texto é de uma objetividade e inteligencia admiráveis. É muito bom ler um texto em que a verdade é dita sem rodeios. Gostei de outros textos também. Com certeza voltarei sempre!
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