domingo, 23 de maio de 2010

Palanques duplos: trunfo para Serra, maldição para Dilma

No afã de tentar desconstruir a candidatura Dilma, a Imprensa tem se atrapalhado bem. Buscando tirar leite de pedra, nossos digníssimos jornalistas não percebem que sequer é crível a versão que tentam vender ao público de que a candidatura governista tem uma crise por dia. Um dos coelhos tirados da cartola midiática é a questão da montagem dos palanques regionais. Obviamente, Dilma teria toda a sorte de dificuldade neste particular. Enquanto que não se vê problemas deste tipo no lado dos tucanos... A Imprensa tem insistido principalmente nas desavenças estaduais entre PT e PMDB. Levantamento jornalístico amplamente divulgado na rede deu conta de que “PT e PMDB têm racha em quase metade do País”. 12 estados, especifica a matéria. A gente pensa “Meu Deus! Essa aliança em torno da Dilma ou não se realiza nem que a vaca tussa, ou fica só no papel e não tem valor prático nenhum”. O texto inicia assim: “A menos de 30 dias para formalizar a coligação para disputa da Presidência da República, o PT e o PMDB apresentam dificuldades para acertar alianças nos Estados”. Ou seja, o levantamento nos estados é visto do ponto de vista da disputa presidencial.

É aí que os jornalistas misturam alhos com bugalhos. Generalizam que “em doze (estados) os partidos (PT e PMDB) deverão estar em lados opostos”, sem separar casos muito diferentes. Petistas e PMDBistas podem estar em lados opostos na sucessão estadual, mas do mesmo lado no que diz respeito à disputa presidencial. Em Pernambuco, São Paulo, e provavelmente, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina, por exemplo, há dissidência de fato. PT e PMDB estarão em lados opostos, em nível estadual E NACIONAL. Nestes estados os PMDBistas trabalharão por Serra. Problema pra Dilma! Mas, na Bahia, em Minas, no Pará, no Maranhão, dentre outros, ainda que não haja acordo com os petistas para a disputa local, os PMDBistas destes estados são Dilma Rousseff. Pode acontecer com Dilma o que aconteceu com Lula em 2006: ter de subir em dois palanques de candidatos a governador em determinados lugares. Isso é bom ou é ruim? Não sei. Acho que tem prós e contras, depende muito da conjuntura.

Particularmente, penso que seria melhor para Dilma, em Minas, ter duas candidaturas. Senão, o candidato do Aécio vai subir, subir e - turbinado pelo movimento ascendente - acabar atropelando o candidato da Dilma. Crescimento acentuado tem efeito muito forte sobre o eleitorado (o que vai beneficiar a própria Dilma). De todo modo, parte da mídia trata palanque duplo como um trunfo quando é para Serra, e como uma maldição quando é para a petista. “Disputa entre PT e PMDB pode causar saia justa a Dilma na Bahia”, diz a Folha sobre o palanque duplo para Dilma na Bahia. “Chance de dobradinha Serra-Fogaça pode isolar Dilma no RS”, diz a mesma Folha sobre o palanque duplo para Serra no Rio Grande do Sul! Na Bahia, Serra terá um único palanque, o do ex-governador Paulo Souto (DEM). Dilma terá dois: do Governador Wagner (PT) e do ex-Ministro Geddel (do PMDB). A Folha não vê isolamento do Serra, mas vê o palanque duplo de Dilma como saia justa. No Rio Grande do Sul, Serra pode ter dois palanques, o da Governadora Yeda (PSDB) e do ex-prefeito de Porto Alegre, José Fogaça (PMDB). Dilma tem garantido apenas o do ex-Ministro Tarso Genro (PT). Aqui, a Folha não vê nenhum desconforto ou entrevero para Serra por ter dois palanques, mas vê isolamento de Dilma.

A gente faz como lendo isso? Cara de tacho na frente do pc, né? Pior: não vi nenhum especialista midiático observar situações periclitantes para Serra nos estados. No Rio, terceiro maior colégio eleitoral, Serra tem meio palanque: o vice do Gabeira. O verde já deixou claro que vai apoiar Marina para a presidência. Pode vir a apoiar Serra num eventual segundo, se houver (o que eu acho cada vez menos provável). E vice aparece onde? Cabral e Garotinho devem apoiar Dilma. No Ceará, Serra não tem palanque. Simples assim. Até agora, ninguém conseguiu desembolsar um adversário para Cid Gomes, do PSB, que provavelmente apóia Dilma. Serra tem um candidato ao senado, o Tasso Jereissati. Olha que maravilha! Num estado estratégico, o presidenciável tucano tem um candidato ao senado como palanque. Candidato que, diga-se de passagem, pode nem renovar o mandato, considerando a força de Lula naquele estado. No Amazonas, os dois principais adversários pro Governo são o Governador Omar Aziz e o Ministro Alfredo Nascimento. Devem apoiar Dilma. Lá,o Serra tem, até o momento, o Arthur Virgílio, candidato ao senado. O mesmo pode acontecer na Paraíba, em que os dois candidatos ao governo podem fechar com Dilma. Durma com um barulho desses!

2 comentários:

  1. eu queria me mudar pro japão, pois nessas eleições só vai dar m**** mesmo.. Não importa o lado...
    infelizmente a grana é curta.... ToT
    voou ter que sofrer aqui mesmo...

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  2. Oi, sendo gaúcha é muito melhor para a Dilma nem se misturar no palanque do PMDB,no RS, pois foi o partido q deu sustentação ao gov do PSDB ,da Yeda, só "retirou" o apoio no final, qd conseguiram livrá-la de tudo. Acho q em meu estado a Dilma seria muito mal vista junto como PMDB.

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