quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Drops - Setembro

Ibope na berlinda

Eu posso ter críticas específicas às pesquisas de opinião, mas procuro não desmerecer as pesquisas como um todo. Qualquer pesquisa tem limitações, mas eu prefiro partir do pressuposto de que institutos como o Ibope fazem um trabalho técnico para detectar o cenário mais realista possível. Dito isto, não deixa de ser preocupante a situação em que o presidente do Ibope tem se colocado. Dessa vez em entrevista ao Valor Econômico, Carlos Montenegro voltou a afirmar que Dilma não será eleita, por causa do seu partido. Para o presidente do Ibope, o PT "perdeu a identidade, a ética, e o charme”. Eu fico me perguntando: o que o Montenegro pensa sobre o PSDB? Alternativa A) Ainda preserva o seu charme. Alternativa B) Nunca teve charme. Alternativa C) Também perdeu o charme, mas isso só um problema para o PT. Não sei! Só sei que o único partido demonizado integralmente, pelos crimes de uma parte dos seus membros, é o dos Trabalhadores. Hoje, qualquer petista é “anti-ético”, desde o presidente da república, até o vereador do Acre, passando pela Ministra da Casa Civil. Mas, ninguém vê o PSDB sendo crucificado porque a Yeda tá pintando e bordando lá no RS (isso pra citar o exemplo mais atual e em evidência). Quando o presidente do Ibope faz avaliações deste tipo, ele coloca a Dilma e o PT na berlinda, mas também coloca a si próprio. Se, de fato, o Serra for eleito, o Montenegro será consagrado como aquele que previu o resultado com mais de um ano de antecedência. Mas, e se a Dilma vencer? De que valerão as próximas análises do presidente do Ibope?

As regras dos donos do jogo

Estes dias encontrei uma edição do Globo News Painel, em que William Waack faz uma declaração intrigante. Um dos convidados pondera que “a Crise que assola o Senado é uma Crise sistêmica, que envolve outros atores também. Então não é um problema só do Sarney. Ficou mais fácil entender hoje a Crise, para a opinião pública, porque ficou personalizada no Sarney. Mas ela não é apenas do Sarney”. Óbvio que eu não esperava que o William Waack concordasse com esta opinião. Mas fiquei bastante surpreendido com o argumento oferecido pelo jornalista. William fez a seguinte declaração: “A opinião pública precisa disso (da personalização da Crise). Isso eu posso dizer como profissional da Comunicação”. Tem tanta coisa absurda nesta declaração, que eu não sei nem por onde começar! Primeiro, ele chama a todos nós, telespectadores, de idiotas, que não conseguem compreender um fato minimamente problematizado. Portanto, o máximo que conseguiríamos decodificar seria a existência de “um vilão”, que personifica “tudo de ruim”. Além de ofensivo, isto é injusto, porque crucifica apenas um e deixa de lado “os outros atores envolvidos”, como disse o convidado; e ainda configura uma deliberada distorção dos fatos, impedindo que o cidadão seja bem informado. Depois, abre-se um precedente perigosíssimo! Quem os jornalistas vão “sortear” para personalizar as Crises?! Representantes dos grupos políticos com os quais eles não simpatizam?! Não temos visto critérios diferentes deste... Quem quiser conferir, pode acessar este link. O momento se dá exatamente aos 5’.

A herança que FHC deixou para o Brasil

No mês de setembro, em entrevista ao programa Jodo do Poder, Ciro Gomes deu números enfáticos sobre o que representou o Governo tucano para o Brasil. A entrevista certamente merece ser vista na íntegra. Mas eu destaco este bloco, no qual, a partir de 5’30’’, Ciro explica que “o Brasil levou 500 anos para fazer um dívida pública equivalente a 38% do PIB”. E foi uma dívida justificada, necessária para fazer a Telebrás, Eletrobrás, estradas etc. O Governo tucano, cujo Ministro do Planejamento era o José Serra, “dilapidou o patrimônio brasileiro” e trouxe esta dívida para 78% do PIB, em apenas 8 anos. A carga tributária era de 27% do PIB, antes do Governo tucano. Depois, passou para 35% do PIB. O deputado revela ainda que, na era FHC, “o investimento brasileiro caiu para o pior nível desde a Segunda Guerra Mundial”. Nas universidades, “perdemos um terço dos mestres e doutores”. Ciro tem toda a propriedade e conhecimento de causa para falar, pois era Ministro da Fazenda, antes do início dos mandatos do PSDB, conhecia estes números como ninguém.



quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Observações sobre a pesquisa Ibope

Quando a Crise finalmente chegou ao Brasil, encolhendo a produção, destruindo postos de trabalho e travando investimentos, a pesquisa Ibope de março deste ano registrou uma queda na aprovação do Governo da ordem de 9 pontos. Neste mês de setembro, o Ibope saiu a campo novamente. O Lauro Jardim registrou o dia específico em que o instituto saiu às ruas, 10 de setembro. Coincidentemente, foi um dia antes da divulgação pelo IBGE do crescimento de 1,9% do PIB e de 2,1% da Indústria, no segundo trimestre de 2009. A pesquisa ibope pegou em cheio a euforia em torno da nossa economia. Estava decretado, oficialmente, o início da recuperação brasileira (muito antes do que se podia imaginar). O clima no noticiário era radicalmente diferente daquele do início do ano. O discurso apocalíptico deu lugar a um discurso quase ufanista. Os números, apesar de parecerem pequenos, eram enfáticos na demonstração de que a Crise, de fato, ficou mais para marolinha do que qualquer outra coisa.



O Jornal Nacional mostrou um país com várias indústrias retomando o fôlego, investimentos sendo retomados, consumo aquecido, e identificou o desconto do IPI (feito pelo Governo) como uma das principais causas da recuperação. Lula encerrou a matéria dizendo que o país sobreviveu, e que de fato o Brasil estava mais preparado que todo o mundo desenvolvido. Eu vi a Mônica Waldvogel declarando, em um dos seus programas, que o Governo iria cobrar da Imprensa a conta pelo pânico criado. No Fatos e Versões, da Cristiana Lôbo, os convidados colocaram que o Brasil foi um dos últimos países a entrar na Crise, e um dos primeiros a sair. O Kennedy Alencar, em sua pensata, fez um mea-culpa, disse ser certo ele “dar o braço a torcer”, e reconhecer que “o presidente Luiz Inácio Lula da Silva acertou quando disse no ano passado que a crise econômica mundial chegaria ao Brasil como uma marolinha”. Diante disto tudo, a avaliação positiva do Governo Lula cresceu. Foi de 68 para 69%.

Eu acho que este aumento de 1% nem pode ser considerado, já que a margem de erro é de 2 pontos. Quando se verificou que a Crise chegou, o presidente foi ridicularizado, o discurso da marolinha não recebeu credibilidade, e a popularidade do Governo caiu 9 pontos. Quando se “dá o braço a torcer”, admite-se que a Crise por aqui ficou mais para marolinha mesmo, e vêm os números que demonstram o início da recuperação, a aprovação do Governo sobe 1 ponto. Era de se esperar que a avaliação positiva voltasse aos níveis pré-crise, acima da casa dos 70 pontos. Mas, parece que para cair é fácil, subir é mais difícil. O que também pode ter impedido a total recuperação da popularidade do Governo é a recente Crise política envolvendo o Senado. Apesar de envolver todo o Senado (inclusive segmentos da Oposição, como o DEM), a Crise foi enquadrada de maneira que ônus político ficou apenas com o Sarney e com Governo, com o PMDB e com o PT.

Sobre a sucessão presidencial, o Ibope mostra queda nas intenções de voto em Serra e Dilma, e crescimento de Ciro. O motivo pode ser o programa partidário nacional do PSB, que foi ao ar dias antes do Ibope ir a campo. Mas o próprio Ciro tem outra versão bem interessante: “Contra a Dilma há um fenômeno que já aconteceu comigo, que é uma desequilibrada agressão contra ela, um processo de difamação contra ela permanente, grave, que é só a tentativa de obstruir a projeção da liderança do projeto que o Lula representa”. Como Ciro e Dilma disputam eleitorado parecido, a queda de um ajuda o outro diretamente. E a candidata petista também sofreu com enquadramento tendencioso do caso Lina Vieira. Interessante também que a taxa de rejeição da Dilma é superior a sua própria taxa de conhecimento. Segundo o Ibope, 32% dos entrevistados conhecem a candidata do Planalto, mas 40% não votariam nela de jeito nenhum. Este 40% é simbólico, é a margem em que os analistas consideram que a candidatura tornou-se inviável, sem chances de vitória.

Se este cenário persistir até o final do ano, a candidatura do PT terá maiores dificuldades para atrair outros partidos para a sua chapa. O PMDB tem interesse no poder, e oferece maior resistência a uma candidatura cambaleante. Os outros partidos de esquerda, como PDT, PSB e PC do B, podem ver em Ciro uma alternativa mais segura. Sem contar outras legendas importantes ainda disponíveis, como PTB, PR, PP. Eu continuo achando que um candidato que representa um Governo muito bem avaliado (como é o de Lula) e com o maior tempo de TV (o que PT + PMDB garantem), pode sair de um dígito nas pesquisas para a vitória em primeiro turno, com apenas 2 meses de campanha. Neste momento, a pesquisa fotografa um cenário composto por elementos que serão bruscamente deslocados, quando tiverem início as campanhas. Acontece que os partidos fazem leituras imediatistas e não gostam de correr riscos. Por mais inúteis que sejam, estas pesquisa podem interferir nas alianças partidárias, que por sua vez serão determinantes para as eleições de fato.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Juca de Oliveira fala muita baboseira

Em recente entrevista à Marília Gabriela, Juca de Oliveira soltou os cachorros. Mostrou furiosa indignação para com todos os descalabros da política, citou exemplos, deu nome aos bois, fez referências a frases inadmissíveis proferidas pelo Presidente da República. Dentre outras coisas, o ator repudia o fato de que Lula – supostamente – considerou o Caixa 2 “uma coisa normal”, pediu para procuradores “tomarem cuidado” ao analisarem o caso Sarney, e ainda afirmou que nem todos os brasileiros são iguais perante a lei. Na verdade, o presidente não disse nada disso nesses termos. Mas, vá la. Foi como os episódios foram tornados públicos. E esta postura sustentada pelo Juca é extremamente comum entre uma parcela importante da população brasileira. Especialmente, aquele segmento da sociedade considerado “mais esclarecido”, “mais informado”. Não podia ser diferente, considerando que a cobertura jornalística sobre temas políticos é sempre no sentido de salientar o lado mais decrépito e nojento da política. Coisa que eu denuncio aqui neste blog, postagem, sim, na outra, também.

É o caso de questionar a própria condição de cidadão “bem informado”.
Informação não é uma pedra, que o jornalista pega daqui e bota pra lá, "levam ao público", como eles gostam de dizer. A informação sempre vem inserida em uma versão, uma leitura, uma interpretação dos fatos. Na minha avaliação, o cidadão que busca informação nos principais espaços midiáticos encontra uma cobertura em que predomina: primeiro, uma generalização dos políticos como pilantras; segundo, enquadramentos que valorizam o discurso da oposição. Não é à toa que tantos brasileiros mais interessados no noticiário sempre pensam na política como um balaio de safados, e com freqüência atribuem isso ao Governo Lula, ao PT, ao PMDB, dentre outros aliados. A generalização é péssima pelo motivo óbvio: transforma em farinha do mesmo saco, tanto o político profissional, quanto aquele político decente. Claro que não é simples separar heróis de vilões, sempre dependerá de pontos de vista, de critérios. Mas então que se adote algum critério! Esta fábrica de escândalos é que não pode continuar.

Por exemplo, no escândalo das passagens, a mídia retratou ao país uma “farra das passagens”. Quase sempre o caso era colocado nestes termos (para variar, generalizantes). Isso serve a quem? Ao político pilantra, claro! Aquele deputado que comprou dezenas de passagens com dinheiro público para passear em Miami e na Europa vai receber o mesmo tratamento que aquele político que viajou para o melhor exercício do seu mandato! Por que? Porque não houve critério. Ao invés de tratar a coisa na base da “farra das passagens” (o que insinua que tava todo mundo na mesma patifaria), podia-se informar que metade, ou 40%, ou 60%, quanto fosse, do Congresso usou passagens indevidamente. Isso é ter algum critério, pode não ser o melhor, mas evita a generalização. Depois o público teria como procurar saber se o seu deputado estava no meio da sacanagem, ou se agiu direito. Já o alinhamento com a oposição pode desequilibrar a disputa, o que não me parece democrático. Mais grave ainda: omite do público aspectos importantes para compreensão e análise dos casos.

Mas, voltando às declarações do Juca. Eu não tenho porque duvidar da boa intenção deste ator que, aliás, muito contribui com a produção artística / cultural brasileira. Acho até que os artistas devem compor uma esfera de constante indignação, reflexão, pensamento crítico. Então, qual o meu problema com o Juca? Primeiro, que ele parece reproduzir – acriticamente – esta cobertura enviesada. Segundo, que, em meio às críticas, ele afirma que este é “o pior momento” da política brasileira, ou seja, de maior deterioração dos valores públicos (vídeo abaixo). Isso é inadmissível. Aí eu fico indignado com o discurso do Juca tanto quanto ele fica com o presidente. Não se pode cinicamente esquecer que, quando eleito, o FHC aliou-se ao PFL, uma escória política do mesmo nível de Collor ou Sarney. O PFL, hoje DEM, é o maior herdeiro da Ditadura, partido das políticas paliativas e exploratórias do Nordeste, o que existe de mais coronelista e oligárquico unido ao que existe de mais elitista e aristocrático neste país. Foi com esta gente que o PSDB se abraçou pra governar.

Nem todas, mas muitas das incoerências são próprias do sistema, não são particularidades do Lula. Eu não estou argumentando para inocentar qualquer incoerência do Governo atual, que serão julgadas pela população e terão respostas nas urnas. Mas estas conclusões disseminadas, de que o Governo Lula representa um agravamento do problema da corrupção, de que o PT é o partido mais desapegado a valores éticos, de que este é o momento de maior decadência moral, são distorções com endereço político-eleitoral. Não nos enganemos. Outro dia, o Marcelo Tas falou no CQC que esta legislatura parlamentar deve ser a pior da história do Brasil. O diretor do Ibope deu uma entrevista à Veja dizendo que o PT perdeu o encanto, portanto Lula não poderá eleger Dilma. Tenho amigos que pensam a política como um permanente quadro do Casseta e Planeta, ou seja, uma caricatura viva. Não é de se espantar. Louco é quem pensar o contrário. Indiferença ou ojeriza à política leva à fragilização da Democracia. E a nossa Democracia é muito recente e importante demais para estar em lugar tão desprestigiado, não podemos nos dar ao luxo de correr o risco de perdê-la.




quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Tem espaço para o Blog do Planalto na Rede? e na Mídia?

Antes de o Blog do Planalto entrar no ar, o jornalista Lauro Jardim publicou em seu blog que “Assim como na maior parte do dia de ontem, quando estreou, o Blog do Planalto está fora do ar neste momento. Ainda que seja por excesso de acessos, como informa o governo, é sinal de falta de planejamento. Salvo o dinheiro público gasto em algo que não consegue funcionar, de qualquer forma o leitor não está perdendo nada de interessante…”. O Globo procurou “analistas” que criticaram a falta de espaço para comentários e o possível uso político da ferramenta. Apesar da recepção hostil por parte da mídia, acho importante perguntar: o blog é realmente necessário? Não bastaria a cobertura jornalística que já é feita pela Imprensa? A princípio, eu penso que em uma Democracia a Imprensa deve ser cada vez mais fortalecida, e um canal de comunicação direta entre Governo e população pressupõe uma espécie de disputa pela cobertura dos temas políticos, o que poderia ser uma função exercida exclusivamente pelos jornalistas. Afinal, são profissionais formados para isso.


O blog do Planalto é uma das respostas ao sentimento de desconfiança nutrido pelo Governo Federal. Governo este que foi legitimamente eleito pela população e conta com altos índices de aceitação. De fato, há enfraquecimento da Imprensa, na medida em que muitos leitores poderão optar pelo site do Planalto, em detrimento de veículos de comunicação. É claro que empresas, estatais, instituições em geral, e até políticos, com freqüência, possuem blogs, e isso não representa prejuízo à Imprensa ou à Democracia. Entretanto, o uso desta ferramenta online pelo próprio Planalto Central ganha uma dimensão muito maior. Trata-se do principal poder instituído pela sociedade abdicando (ou, no mínimo, concorrendo) com o trabalho exercido pelos jornalistas. É qualquer coisa relevante. Mas é preciso analisar que circunstancias levaram a isso. O sentimento de desconfiança em relação à Imprensa, nutrido pelo Governo e compartilhado por uma parcela importante da população (que cada vez mais usa a Internet para se manifestar), tem procedência na medida em que a cobertura jornalística é marcada por um forte viés partidário.

Particularmente, eu não acho que os veículos de comunicação deveriam mostrar “coisas boas” e “coisas ruins” sobre o Planalto. Isto seria uma simplificação grave. Na impossibilidade de desenvolver um debate mais aprofundado, no mínimo, espera-se que uma matéria tenha, pelo menos, a visão do Governo e a visão da Oposição, o que configura a simplificação, mas é o mais democrático. Entretanto, o papel principal da Imprensa não é apenas "mostrar os dois lados da moeda", mas de problematizar, contextualizar, aprofundar os temas políticos, para que o cidadão possa informar-se da melhor maneira, posicionar-se criticamente, e ter embasamento para construir uma reflexão a partir do jornalismo. É muito mais do que “mostrar os dois lados da moeda”, ou satisfazer os interesses da Oposição e do Governo de plantão, é cuidar para que o telespectador tenha a visão mais enriquecida possível sobre o assunto. Não é o que têm praticado a Imprensa brasileira. Os exemplos desta cobertura partidarizada são diários, mas podemos citar um mais recente: o caso Lina Vieira.

Nos últimos dias, o Sensus divulgou pesquisa que mostra queda na popularidade do presidente (que continua muito alta – veio de 81 para 76%). A pesquisa mostra ainda que Dilma teve queda nas intenções de voto, mas Serra permaneceu estável. Para o diretor da Sensus, Ricardo Guedes, o Governo e a Dilma tiveram de enfrentar uma Agenda negativa, e o efeito Lina, Senado e a questão da saúde, com a gripe suína, foram predominantes. No caso específico de Lina Vieira, a cobertura dos principais jornais mostrou apenas os aspectos que interessavam à Oposição. A ex-secretária da RF posou de vítima da tirania da Ministra Dilma. A mesma pesquisa Sensus mostra que 35,9% dos entrevistados acreditou na versão de Lina, ao passo que apenas 23,6% acreditou na Ministra. Questões como o silêncio de Lina à época do suposto pedido e a manifestação apenas depois da demissão foram ignoradas. Como mostra uma das edições do Entre Aspas, especialistas como um funcionário da Receita, um advogado tributarista e o ex-secretário da RF da época do Governo Fernando Henrique (ou seja, alguém cujas analiss não tenderiam a beneficiar o Governo Lula), foram unânimes ao concluir que o caso Lina foi um factóide, e que sua gestão foi deletéria para a Receita Federal.

Estes aspectos são importantes, não porque convém ao Governo, mas porque contribuem para contextualização e compreensão do caso. Acima de tudo, o telespectador tem o direito de conhecer estes outros pontos de vista. Entretanto, só são contempladas as interpretações que se alinham com determinado grupo político. Eu estou bastante convencido de que a cobertura midiática não determina a visão política ou o voto da maioria dos cidadãos. Mas é inegável que os espaços da mídia são importantes para, no mínimo, agendar e dar visibilidade a determinadas interpretações. E isso, em alguma medida, pode desequilibrar a disputa político-eleitoral, como sugere a pesquisa Sensus. É destas circunstancias que surge a pertinência do Blog do Planalto. As críticas sobre a falta de espaço para comentários não me convencem. Já há espaço para críticas e sugestões, e muitos dos blogs dos próprios jornalistas, programas ou veículos de comunicação, são “abertos” para comentários e, no entanto, por diversas vezes eu perdi meu tempo elaborando uma opinião, que foi censurada. No Blog do Planalto, pelo menos ninguém será enganado.