quinta-feira, 31 de julho de 2008

Drops - Julho

Drops sobre eleições.

Maluf

O Maluf é daqueles casos políticos inexplicáveis, a gente vê e não acredita. Falar de todas as denúncias de corrupção em que ele está envolvido (corrupção passiva, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro etc.) seria chover no molhado. Eu fico indignado é com a mentalidade do candidato. Por exemplo, como é possível que este homem tenha coragem de propor a construção de pistas sobre os Rios Pinheiro e Tietê? Pior: defendendo isso como a “solução para a poluição”. Maluf acha que o problema da poluição deve ser resolvido com mais pistas, para que os carros andem mais rápidos, passem menos tempo parados e emitam menos poluentes. Mas, e daqui há 5 anos? Quando mais carros chegarem às cidades, as pistas sobre os rios também estarão congestionados. E aí? Pistas sobre o ar?

É evidente que a solução não é construir mais pistas, nem abrir espaço para mais carros. É justamente o contrário! A solução é retirar carros das ruas, investir em outras formas de transporte que sejam coletivas, para que menos veículos transportem mais pessoas. E, como bem disse a Soninha durante o Debate da Band, as pistas sobre os rios aumentariam a temperatura na região, o problema da poluição ia piorar! Outra pérola de Maluf foi insinuar que São Paulo precisa mais de um engenheiro do que de uma psicóloga (Marta) ou de um anestesista (Alckmin). A maioria encarou como uma piada, mas eu não vi graça nenhuma e acho que demonstra exatamente qual é a mentalidade do candidato. Maluf representa o que há de mais atrasado na política brasileira.


Parceria entre DEM e PSDB de São Paulo apagou.

Para quem havia declarado que não encara Kassab como um adversário [1], Alckmin escolheu o atual prefeito de São Paulo para fazer uma pergunta bastante espinhosa, durante o debate da Band. A crítica de Alckmin foi sobre iluminação: "A cidade de São Paulo está escura. Nós temos quase metade do nosso parque ainda com aquelas lâmpadas antigas, aquelas luminárias de mercúrio” (que iluminam menos e gastam mais energia). Kassab alegou que já está trocando as lâmpadas e criando novos pontos de iluminação. O candidato do DEM não deixou barato e também alfinetou Alckmin: "Em relação à iluminação pública, o que atrapalha muito São Paulo é que ainda no seu governo, quando da privatização das empresas, não foi colocado como determinante, como obrigação delas, que elas apontassem os pontos que não estavam com iluminação na troca de iluminações públicas. [...] Vamos corrigir isso numa próxima licitação." [2] É bem louco isso! Se o DEM está hoje na prefeitura é exclusivamente por causa do PSDB. Foi o Serra quem pegou o Kassab para vice, deu a palavra como garantia de que ficaria até o final do mandato - chegou a recomendar ao eleitor que não votasse mais nele, caso não ficasse os 4 anos [3] - depois quis ser governador e largou a prefeitura na mão do DEM. Agora, os tucanos avaliam que o prefeito, escolhido por eles mesmos, não é indicado para o cargo. Alckmin ameniza a situação: “Cada governo avança um pouco. É uma corrida de revezamento, onde cada um passa o bastão ao outro. As boas propostas terão continuidade" [4] [5]. Alckmin, que foi reeleito Governador de São Paulo em 2002.

Por falar em Kassab...

Era uma vez um prefeito de um grande vilarejo que ficou empolgado ao ver seus adversários relacionados em uma seleta lista intitulada “Lista Suja”. Ávido por popularidade, o prefeito mandou confeccionar panfletos divulgando o acontecido e distribuiu por todo o vilarejo [1].

No auge da sua euforia, o prefeito foi atingido por uma desagradável surpresa: ele próprio foi incluído na lista por improbidade administrativa denunciada em uma ação civil pública que tramita no TJ-SP [2]. E agora? O prefeito vai ficar com que cara? Sujou pro Kassab! Não por ter sido incluído na lista, mas por usar de artifícios tão baixos, jogo sujo mesmo! E, ainda por cima, hipócrita, já que o acusador responde pela mesma denúncia dos acusados.

Mais triste ainda é o fato de a mídia ser parte integrante de toda a baixaria. Bem antes e com maior alcance, os principais veículos de comunicação já tinham panfletado a inclusão da Marta e do Maluf na Lista (vide texto anterior).
A que nível chegamos?! Mídia atuando praticamente como assessoria de imprensa do candidato do DEM em SP. E olha que o candidato da mídia paulista, pra valer, é o Alckmin!


quinta-feira, 24 de julho de 2008

Qual "Lista Suja", da AMB ou da Mídia?

Na iminência das eleições municipais, a Associação dos Magistrados Brasileiros divulgou na última terça-feira, dia 22 de julho, a primeira versão da Lista [1] com nomes de candidatos que respondem a processos na Justiça. Dos 350 candidatos a prefeito e vice-prefeito das capitais analisados, 15 foram selecionados na “Lista Suja”. Alguns juristas alegam que a Lista poderá ser considerada inconstitucional já que os candidatos citados ainda não foram condenados, e é óbvio que a publicação desequilibra o jogo eleitoral. Outros nomes importantes do meio jurídico, como o Presidente do STF, Gilmar Mendes, considera a Lista um ato de “populismo”. Este tipo de divulgação em lista é uma “faca de dois gumes”, ao mesmo tempo em que informa, prepara uma armadilha. Se o debate não for conduzido de maneira adequada, pode-se ter a impressão de que os listados são “os corruptos”, enquanto que os não listados representam o “voto decente”.

Absolutamente, não é assim! É imprescindível evitar qualquer tipo de redução das explicações e maniqueísmos baratos. Assim como não é possível colocar todos os listados na mesma vala. É evidente que os casos ali são diferentes (e a própria lista aponta para isso). Apesar de tudo, particularmente, sou favorável à iniciativa da Associação dos Magistrados. É claro que os critérios utilizados para selecionar os candidatos sempre são questionáveis, mas eu ainda prefiro focar no lado bom da coisa: mais informação para o eleitor. Acontece que, mais importante do que a lista, é como ela é divulgada. Infelizmente, a AMB não teve condições de enviar um exemplar da Lista para cada brasileiro. Então, como as dezenas de milhões de eleitores conhecerão os candidatos citados? Quem respondeu “mídia”, touché, acertou em cheio!

A boa (?) e velha mídia será a responsável por fazer a mediação entre Associação dos Magistrados e Sociedade brasileira. Missão importante, não? Pois é, por isso que eu bato tanto nesta tecla aqui no Blog. Não é porque eu sou implicante (quer dizer, não é só por isso), é principalmente porque a mídia tem um privilégio muito grande nas mãos. E, mais uma vez, o trabalho da grande Imprensa beira o ridículo. A mídia fez uma lista só dela, bem mais objetiva, simples e curta, tem só dois nomes: Marta Suplicy e Maluf. Em qualquer grande site que entrássemos, o destaque era invariavelmente para estes dois candidatos de São Paulo. Se o nome da Marta fosse citado sozinho ainda seria mais justo do que colocá-la ao lado de Paulo Maluf. A Marta pode ter inúmeros defeitos, mas ela não é nenhum Maluf! A própria lista esclarece isso: enquanto ela responde por 2 Ações, ele responde por 7!

A trajetória destes dois políticos também não é a mesma. Mas tudo isso é reduzido quando entramos no UOL, na Folha Online, no Estadão.com.br, no O Globo Online ou no site da Revista Época (vide imagens abaixo). E a mídia não poderia nem argumentar que estes ou aqueles são os candidatos citados “mais importantes”. Ninguém é mais ou menos importante quando se trata de listas desta natureza, que envolvem a honestidade e a integridade de pessoas (aliás, pessoas que concorrem a cargos públicos). Este é o tipo de questão que deve ser tratada com todo o critério, isenção e profundidade. O pior que poderia ser feito desta Lista é este jogo baixo, rasteiro. Uma publicação que poderia ajudar a moralizar a Democracia brasileira, sendo usada para interesses eleitorais. Dos candidatos, infelizmente, é difícil esperar outra coisa. Mas quando a mídia se presta a esse papel, o desalento é total.

PRINTS:

Revista Época: <><><><><><><><><><><><><><><><><>










Estadão.com.br
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UOL
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O Globo Online
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Folha Online: <><><><><><><><><><><><><><><><><>

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Especial - Eleições 2008: Prognósticos











Principais candidatos:

Marta Suplicy – PT / PCdoB, PDT, PSB, PRB, PTN
Geraldo Alckmin – PSDB / PTB, PSDC
Gilberto Kassab – DEM / PMDB, PR, PV

PSDB dividido. É claro que o partido está, em sua maioria, interessado na própria vitória. Mas há aqueles divergentes, que insistirão em ficar do lado de Kassab, até porque muitos tucanos fazem parte da administração do DEM. O PT, aos 47 do segundo tempo, fechou aliança com o Bloco de Esquerda - PSB, PDT e PCdoB - o que garante apoio das principais Centrais Sindicais e praticamente dobra a fatia de Marta no horário eleitoral (que ficou em 6 min. e 40 s). Kassab é quem conseguiu o maior tempo de mídia (quase 9 min. por horário eleitoral), também tem a máquina municipal a seu favor e conseguiu apoios cobiçados, como o do PMDB. Alckmin, com pouco mais de 4 minutos e meio, já avisou que não encara Kassab como um “adversário”. Acontece que ambos disputam um eleitorado parecido. Assim, Marta deve enfrentar os eleitores de Kassab e Alckmin somados no segundo turno. Por isso, apesar do crescimento da petista nas últimas pesquisas, o PSDB ainda é o favorito.





Principais candidatos:

Marcelo Crivella – PRB / PR, PSDC
Jandira Feghali – PCdoB / PSB, PTN, PRTB, PHS
Eduardo Paes – PMDB / PTB, PP
Alessandro Molon – PT
Fernando Gabeira – PV / PSDB, PPS
Solange Amaral – DEM, PTC, PMN

Crivella e Jandira lideram as pesquisas, mas o cenário está completamente indefinido. No Rio, tudo pode acontecer. A candidatura de Eduardo Paes foi lançada de última hora, e o candidato tem grande potencial. A princípio, o PMDB apoiaria Alessandro Molon, deputado estadual pelo PT. Esta seria a candidatura mais forte. Molon contaria com mais de 10 minutos de horário eleitoral, seria o candidato do Governador E do Presidente e ainda teria o discurso da unificação das três esferas de poder. A super candidatura foi por água a baixo quando PMDB e PT se desentenderam sobre coligações no interior do estado. Agora, Molon está isolado no PT e deve disputar eleitores com Jandira. Eduardo Paes atraiu outras legendas ao seu PMDB e será o candidato com maior tempo na mídia. Solange Amaral, a candidata de César Maia, deve enfrentar todo o desgaste da atual administração. Por sua vez, Crivella lidera as pesquisas de intenção de voto E de rejeição. E ainda tem o Gabeira, que pode surpreender. Quem viver verá!





Principais candidatos:

Márcio Lacerda – PSB / PT, PTB, PV, PP, PR (+7), Informalmente: PSDB e PPS
Jô Moraes – PCdoB / PRB, Informalmente: parte do PT
Leonardo Quintão – PMDB / PHS


Aécio, imbuído de seu típico espírito agregador, articulou a candidatura de um dos seus secretários com um vice do PT. Fernando Pimentel, atual prefeito, aderiu à tese com Aécio e interrompeu um período de 16 anos de administração petista na capital mineira. Márcio Lacerda, do PSB, é o candidato da controversa coligação. Nem tão agregadora assim, a movimentação de Aécio assustou o PT, que vetou a participação do PSDB na chapa. Pimentel, que foi até Brasília intervir pela união entre tucanos e petistas mineiros, trabalhou em vão. Para alguns analistas políticos, até as árvores da Avenida Afonso Pena já sabem que o atual prefeito de BH é o candidato de Aécio para a sucessão ao Governo do Estado, em 2010. Aí seria interessante ver qual seria a reação do PT. Por enquanto, está rachado. Boa parte do partido e da militância vai apoiar a comunista Jô Moraes. Apesar de estar em terceiro lugar nas pesquisas, com 4% das intenções de votos, Lacerda deve apresentar forte crescimento até o dia da votação.





Principais candidatos:

João Henrique Carneiro – PMDB / PTB, PDT, PP
ACM Neto – DEM / PR, PRB (+6)
Walter Pinheiro – PT / PSB, PCdoB, PV
Antônio Imbassahy – PSDB / PPS

Para eleger Jacques Wagner, Governador da Bahia, PT e PMDB uniram forças contra o Carlismo. O atual ministro de Lula e ex-ministro de FHC, Geddel Vieira Lima, foi o principal mediador do acordo. Para surpresa geral, o petista venceu as eleições no primeiro turno. Este ano, o PMDB, de Geddel, esperava que o PT apoiasse a reeleição do prefeito de Salvador, João Henrique. Não foi o que aconteceu, os petistas lançaram seu próprio projeto. Geddel ficou irado, Jacques numa saia curta. O Governador baiano compareceu as duas convenções e já disse que tem dois candidatos (apesar de estar mais empenhado na candidatura de Walter, do PT). ACM Neto tem a missão de recuperar o Carlismo, lidera as pesquisas e já trouxe para sua chapa o popularíssimo apresentador local, Raimundo Varela. Já Imbassahy, do PSDB, é respeitado e deve ter uma boa votação, apesar de suas chances de chegar ao segundo turno serem menores. É curioso que um candidato do PSDB e outro do DEM sejam tão fortes em uma região em que Lula é tão popular...





Principais candidatos:

José Fogaça – PMDB / PDT, PTB
Maria do Rosário – PT, PRB
Manuela D’Ávila – PCdoB / PPS, PSB, PR
Onyx Lorenzoni – DEM / PP, PSC
Luciana Genro – PSOL / PV

O prefeito Fogaça lidera as pesquisas para mais um mandato. Mas, ao contrário do resto do Brasil, no Rio Grande do Sul a reeleição não é tendência. Há dois anos, no Governo do Estado, Germano Rigotto estava bem posicionado para ser reeleito, mas não chegou sequer ao segundo turno, que se deu entre Olívio Dutra do PT e Yeda Crusius do PSDB. Agora, em Porto Alegre, mais uma vez o candidato do PMDB, que tem o maior espaço na propaganda eleitoral (6 min. e meio), tenta permanecer no poder. Os principais empecilhos são duas mulheres da esquerda: Maria do Rosário e Manuela D’Ávila, que têm praticamente o mesmo tempo de mídia (4 min. e 40 s, aproximadamente). A comunista foi a deputada federal mais votada do RS em 2006, é jovem, uma novidade na política, por isso mesmo pode ser subestimada pelo eleitorado mais conservador. A petista tem militância forte e pertence a uma legenda de tradição no Estado, mas responde pelas falhas das tantas administrações petistas anteriores a Fogaça.





Principais candidatos:

Luizianne Linz – PT / PSB, PMDB, PCdoB, PV (+6)
Moroni Torgan – DEM / PP
Patrícia Saboya – PDT / PSDB, PTB

Luizianne tenta mais um mandato, depois de ter sido eleita de uma maneira que entrou para a história das eleições, como exemplo de virada. Há quatro anos, Luizianne concorreu à prefeitura de Fortaleza com uma campanha modesta, desempenho inexpressivo nas pesquisas e sem apoio da direção nacional do PT (que preferia o candidato do PCdoB, Inácio Arruda). Luizianne cresceu, chegou ao segundo turno, e venceu Moroni, do DEM, com facilidade, já que a petista tinha pouca rejeição. Hoje, a prefeita é uma das candidatas mais rejeitadas, mas Moroni está bem próximo neste quesito. Pode ser que Patrícia Saboya surpreenda e chegue ao segundo turno, afinal ela tem o apoio
do Senador tucano Tasso Jereissati e de Ciro Gomes, ex- marido e um dos mais influentes quadros políticos do estado. O irmão de Ciro, Governador Cid Gomes, e o partido, PSB, apoiam a atual prefeita. A eleição deve mesmo ficar polarizada entre os “rejeitados”, com vantagem para Luizianne no segundo turno.





Principais candidatos:

Duciomar Costa – PTB / PR, PDT, PV (+7)
Valéria Pires Franco – DEM / PSDB
Mário Cardoso – PT / PCdoB, PSB (+3)
Priante – PMDB / PP, PRB

O prefeito Duciomar Costa, do PTB, tenta a reeleição. Em 2004, Duciomar venceu o PT, que administrou Belém por 8 anos. Hoje, o PT está no Governo do Pará, enfrentando intenso desgaste com o caso dos bebês da Santa Casa. O petista Mário Cardoso, que tentou o Senado em 2006 e conseguiu 30% dos votos, pode ser atingido pelo desgaste da Governadora. Priante, do PMDB, primo de Jáder Barbalho, é mais popular, já que fez campanha para Governador em 2006, mas também carrega rejeição, principalmente na capital. O PSDB, apesar de ter força no Pará, já que esteve no poder por 12 anos, optou por não lançar candidatura própria e apoiar Valéria Pires Franco, do DEM. Valéria foi vice-governadora, é mulher do deputado federal Vic Pires Franco, mas só agora será testada como cabeça de chapa. A DEMocrata não faz exatamente o estilo “popular”. Os bens declarados por Valéria somam mais de 7 milhões, quase duas vezes o patrimônio de todos os outros candidatos somados. Em Belém, o jogo está bem aberto.





Principais candidatos:

Micarla de Souza – PV / DEM, PP, PR, PTB
Fátima Bezerra – PT / PMDB, PSB, PCdoB, PDT, PRB

A eleição aqui deve ficar polarizada entre Micarla, deputada federal pelo PV, e Fátima Bezerra, deputada estadual pelo PT. Micarla também é proprietária da TV Ponta Negra, afiliada do SBT, na qual apresenta um programa sobre problemas locais. A candidata do PV é bastante popular e lidera as pesquisas com folga. Fátima tenta a prefeitura de Natal pela quarta vez e é vista como “radical”, já que liderou muitas greves de educadores tempos atrás. Além disso, muitos eleitores estranham a aproximação da petista com o PMDB, de Garibaldi Alves. Os natalenses não têm medo de ousar na hora do voto. Em 2004, um candidato nanico, Miguel Mossoró do PTC, levou quase 20% dos votos, ficando em terceiro lugar. Uma de suas propostas era construir uma ponte ligando Natal a Fernando de Noronha. A não ser que outra onda de voto no ridículo surja este ano, Fátima é quem tem condições de enfrentar Micarla, já que tem o apoio do atual prefeito e da Governadora, além de um bom tempo na TV. Mas nada disso elimina o forte favoritismo do Partido Verde.





Principais candidatos:

Íris Rezende – PMDB / PT
Sandes Júnior – PP / PSDB, DEM, PTB, PSB

Em Goiânia, o ex-governador e atual prefeito Íris Rezende tenta a reeleição. Em 2004, eram 8 candidatos. Este ano, em função de seu favoritismo, Íris enfrentará apenas 4 concorrentes, dos quais apenas um tem condições de ter um desempenho razoável: Sandes Júnior, do PP. Na capital de Goiás, a disputa será morna. Íris atraiu até mesmo o PT, que compõe a chapa com o vice-candidato. Apesar disso, muitos petistas da ala mais radical recusam-se a subir no palanque do PMDB. Íris já sinalizou com a possibilidade tentar o Governo em 2010, enfrentando o PSDB de Marconi Perillo. Hoje no Senado, Perillo governou Goiás por 8 anos e ainda fez o sucessor, que governa o Estado atualmente.





Principais Candidatos:

João da Costa – PT / PSB, PTB, PR, PDT, PCdoB
Mendonça Filho – DEM / PP
Raul Henry – PMDB / PSDB
Carlos Cadoca – PSC, PTC, PV, PPS

Em Recife, João Paulo, do PT, governa há 8 anos. As duas eleições de João Paulo foram emocionantes. Na primeira, ele era bastante desacreditado. Na segunda, também começou atrás, mas venceu no primeiro turno. Agora, o desafio do petista é fazer seu sucessor: o deputado estadual, secretário de Planejamento, João da Costa. O PT é bem avaliado, tem o apoio do Governador Eduardo Paes e o maior tempo de TV. O ex-governador, Mendonça Filho, do DEM, tem um reduto eleitoral expressivo, mas também tem um teto bem definido e não deve crescer tanto. O candidato de Jarbas, Raul Henry, pode crescer, mas talvez não seja o suficiente para chegar ao segundo turno.





Principais candidatos:

João Coser – PT / PMDB, PSB, PDT, PCdoB, PTB, PR, PV, PV (+10)
Luciano Rezende – PPS, PSDB, DEM

Na capital do Espírito Santo, o prefeito João Coser tenta a reeleição com grandes chances. Montou uma mega aliança, a maior das capitais, e vai enfrentar apenas um candidato com o mínimo de cacife eleitoral, Luciano Rezende, que reproduz em nível local a coligação que faz oposição ao Governo Lula: PPS, PSDB e DEM. Aliás, aqui, Lula poderia subir no palanque com tranqüilidade, já que todos os partidos da base federal estão com Coser. Raras são as capitais em que o Presidente pode fazer isso, e no Espírito Santo Lula é bastante popular. Parece favas contadas...





Principais candidatos:

Beto Richa – PSDB / PSB, PPS, DEM, PP, PDT, PR (+3)
Gleisi Hoffman – PT / PSC, PRB (+3)

Aqui, o tucano Beto Richa tenta a reeleição. Beto é extremamente bem avaliado. Sem dúvidas, é o favorito. Entretanto, em Curitiba a eleição terá dois lados: todos contra o Beto. Os primeiros debates já estão demonstrando isto. Quem tem alguma chance de levar este pleito para o segundo turno é Gleisi Hoffman, do PT, mulher do Ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. Gleisi já declarou que não sabe se a popularidade de Beto “resiste a um bom debate". Para a petista, faltam creches e serviços mais humanizados para a população. Beto, engenheiro civil, tem obras para mostrar e índices educacionais destacados. Vejamos, então, quais argumentos resistirão ao debate.





Principais candidatos:

Serafim Corrêa – PSB / DEM, PSDB
Omar Aziz – PMN / PR, PMDB
Amazonino Mendes – PTB, PP
Francisco Praciano – PT / PPS

Serafim Corrêa, prefeito de Manaus, tentará continuar no cargo. Aliado ao PSDB e DEM, Serafim faz uma aliança inusitada para o PSB, em uma capital importante. Omar Aziz, do PMN, é um forte candidato. Muitos dizem que Omar é o preferido de Lula, apesar de o PT ter candidato na capital amazonense. O ex-governador, Amazonino Mendes, que hoje está no PTB, lidera as pesquisas. Mas muita coisa deve mudar no cenário político de Manaus. Serafim e Omar são os que têm maiores condições de crescer durante a campanha. Difícil fazer previsões!

sábado, 5 de julho de 2008

Infanticídio anunciado (os bebês da Santa Casa)

No período de aproximadamente duas semana, morreram 32 recém-nascidos na Santa Casa da Misericórdia de Belém. Os bebês estavam na UTI neonatal da instituição, e as causas das mortes incluem infecção bacteriana e falta de oxigênio no cérebro. Em nota, a direção do hospital negou a hipótese de erros médicos ou problemas de estrutura na unidade e afirmou que o número de óbitos estava de acordo com a taxa aceita pela Organização Mundial de Saúde. O Governo do Pará, que administra a Santa Casa, atribuiu as mortes a uma concentração incomum de casos graves, como bebês prematuros e portadores de doenças congênitas [1]. Há uma semana (dia 28), o presidente da Santa Casa, Antônio Anselmo Bentes de Oliveira, entregou o cargo e foi substituído provisoriamente por Silvia Comaru, coordenadora da comissão multiprofissional que investigará as mortes das crianças. Segundo o Blog do Barata [2], Anselmo declarou ter advertido sobre os perigos embutidos nas precárias condições de trabalho na Santa Casa e comprometeu a Secretária de Saúde do Pará, Laura Rossetti.

Um pacto maldito

Em 2004, a Dra. Rossetti foi candidata a vereadora em Belém pelo PMDB, mas não ficou nem entre os 180 mais votados [3]. Em 2007, a médica foi uma das homenageadas pelo PMDB Mulher estadual, durante a Semana Internacional da Mulher. A homenagem foi registrada no Blog de Elcione Barbalho [4]. Elcione é ex-mulher de Jáder Barbalho, perdeu por muito pouco o cargo de Senadora em 2002, foi a vereadora mais votada de Belém em 2004, depois foi eleita deputada federal em 2006, novamente como uma das mais votadas. Neste último pleito, o ex-marido ficou em primeiro lugar. Antes de Laura, o Secretário de Saúde foi Halmélio Sobral, afiliado político de José Priante. Priante é primo de Jáder, deputado federal e candidato derrotado ao Governo do Pará em 2006. Legenda: PMDB. Foi aí que tudo começou.

Para derrotar os 12 anos de Governo tucano no Pará, PT e PMDB decidiram unir forças. Ana Júlia e Priante adotaram posturas bastante agressivas contra o PSDB. Muitos acreditam que o apoio do partido de Jáder foi determinante para a vitória petista no segundo turno. O preço deste pacto foram cargos importantes no Governo do Estado, dentre eles, os postos de chefia na Saúde. Não apenas a Secretaria, várias diretorias de Hospitais Regionais também. Via de regra, os hospitais estaduais estão comprando material hospitalar de firmas dirigidas por aliados PMDBistas. Na iminência das eleições municipais, os correligionários lançam mão de todo tipo de recurso para financiar a campanha. Enquanto isso, em muitos hospitais faltam materiais básicos para atendimento aos pacientes. Políticos profissionais estão parasitando a máquina pública, justamente em uma área tão importante para a população.

O Pará na mídia

Com este escândalo na Saúde, mais uma vez, o Pará é exposto para o resto do Brasil como o fim do mundo, a própria barbárie. Ultimamente, o Pará só é manchete nacional quando acontece algo grotesco, bestial. O caso da missionária Dorothy Stang, assassinada por se envolver em conflitos de terra; a menina de 15 anos presa em uma cela com vários homens; o engenheiro da Eletrobrás sendo agredido com facão por um índio, denúncias de trabalho escravo em pleno 2008 etc. Todos estes casos foram citados na mídia, mas nenhum foi devidamente aprofundado. Em nenhum momento as causas estruturais dos problemas vêm à tona. Agora, neste caso dos 32 natimortos da Santa Casa, novamente, a mídia provoca escândalo, mas não provoca reflexão. Esta tem sido a praxe do jornalismo de massa.

Seria extremamente válido se toda esta exposição servisse para análise crítica de um cenário mais amplo, que pudesse levar a mudanças reais. Mas a mídia não exerce este papel. A cobertura é sempre superficial, descartável. Há um efeito positivo, no sentido de que a simples veiculação pressiona o poder público a tomar providências. Mas as providências são paliativas, já que a cobertura é efêmera. O efeito negativo é maior: o Pará é estereotipado. Um estado que nunca foi devidamente mostrado, torna-se o celeiro da toda sorte de selvageria. E se, neste quesito, os veículos de comunicação nacionais são ruins, os regionais são muito piores. TV Cultura, Jornal Pessoal (Lúcio Flávio Pinto) são as honrosas exceções, que ensinam o que é jornalismo. Políticos parasitas e uma mídia vendida custam caro, o preço quem paga é a população.

PS: Estou viajando, por isso devo demorar mais que o normal para atualizar as postagens. A formatação do texto também deve mudar, já que o Blog não costuma aceitar muito bem quando posto alguma coisa em algum computador que não seja o do meu quarto. Espero que vocês possam ler sem maiores problemas. Qualquer coisa, dêem o toque nos comentários. Valeu!


[1] http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u417366.shtml
[2] http://blogdobarata.jor.br/2008/07/santa-casa-anselmo-quebra-o-silncio-e.html
[3] http://eleicoes.folha.uol.com.br/folha/especial/2004/eleicoes/04278v-2.html
[4] http://elcione.blogspot.com/2007/03/homenagem-s-mulheres-na-conveno-do-pmdb.html