quinta-feira, 24 de julho de 2008

Qual "Lista Suja", da AMB ou da Mídia?

Na iminência das eleições municipais, a Associação dos Magistrados Brasileiros divulgou na última terça-feira, dia 22 de julho, a primeira versão da Lista [1] com nomes de candidatos que respondem a processos na Justiça. Dos 350 candidatos a prefeito e vice-prefeito das capitais analisados, 15 foram selecionados na “Lista Suja”. Alguns juristas alegam que a Lista poderá ser considerada inconstitucional já que os candidatos citados ainda não foram condenados, e é óbvio que a publicação desequilibra o jogo eleitoral. Outros nomes importantes do meio jurídico, como o Presidente do STF, Gilmar Mendes, considera a Lista um ato de “populismo”. Este tipo de divulgação em lista é uma “faca de dois gumes”, ao mesmo tempo em que informa, prepara uma armadilha. Se o debate não for conduzido de maneira adequada, pode-se ter a impressão de que os listados são “os corruptos”, enquanto que os não listados representam o “voto decente”.

Absolutamente, não é assim! É imprescindível evitar qualquer tipo de redução das explicações e maniqueísmos baratos. Assim como não é possível colocar todos os listados na mesma vala. É evidente que os casos ali são diferentes (e a própria lista aponta para isso). Apesar de tudo, particularmente, sou favorável à iniciativa da Associação dos Magistrados. É claro que os critérios utilizados para selecionar os candidatos sempre são questionáveis, mas eu ainda prefiro focar no lado bom da coisa: mais informação para o eleitor. Acontece que, mais importante do que a lista, é como ela é divulgada. Infelizmente, a AMB não teve condições de enviar um exemplar da Lista para cada brasileiro. Então, como as dezenas de milhões de eleitores conhecerão os candidatos citados? Quem respondeu “mídia”, touché, acertou em cheio!

A boa (?) e velha mídia será a responsável por fazer a mediação entre Associação dos Magistrados e Sociedade brasileira. Missão importante, não? Pois é, por isso que eu bato tanto nesta tecla aqui no Blog. Não é porque eu sou implicante (quer dizer, não é só por isso), é principalmente porque a mídia tem um privilégio muito grande nas mãos. E, mais uma vez, o trabalho da grande Imprensa beira o ridículo. A mídia fez uma lista só dela, bem mais objetiva, simples e curta, tem só dois nomes: Marta Suplicy e Maluf. Em qualquer grande site que entrássemos, o destaque era invariavelmente para estes dois candidatos de São Paulo. Se o nome da Marta fosse citado sozinho ainda seria mais justo do que colocá-la ao lado de Paulo Maluf. A Marta pode ter inúmeros defeitos, mas ela não é nenhum Maluf! A própria lista esclarece isso: enquanto ela responde por 2 Ações, ele responde por 7!

A trajetória destes dois políticos também não é a mesma. Mas tudo isso é reduzido quando entramos no UOL, na Folha Online, no Estadão.com.br, no O Globo Online ou no site da Revista Época (vide imagens abaixo). E a mídia não poderia nem argumentar que estes ou aqueles são os candidatos citados “mais importantes”. Ninguém é mais ou menos importante quando se trata de listas desta natureza, que envolvem a honestidade e a integridade de pessoas (aliás, pessoas que concorrem a cargos públicos). Este é o tipo de questão que deve ser tratada com todo o critério, isenção e profundidade. O pior que poderia ser feito desta Lista é este jogo baixo, rasteiro. Uma publicação que poderia ajudar a moralizar a Democracia brasileira, sendo usada para interesses eleitorais. Dos candidatos, infelizmente, é difícil esperar outra coisa. Mas quando a mídia se presta a esse papel, o desalento é total.

PRINTS:

Revista Época: <><><><><><><><><><><><><><><><><>










Estadão.com.br
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UOL
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O Globo Online
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Folha Online: <><><><><><><><><><><><><><><><><>

5 comentários:

  1. Wagner Lemos

    Os candidatos concorrentes poderão sim tirar proveito da 'lista'. Mas o mais importante é que o eleitor saberá em quem está votando. Há benefícils e malefícios na ação da AMB, mas o objetico principal estará sendo cumprido. Quanto se é ou não legal, mesmo não sendo um aprofundador da legislação, creio que o simples fato de um cidadão ter que comprovar vida ilibdada já seja um bom exemplo a ser seguido por candidatos. Concordo com você na questão da mídia. O problema é quando há manipulação se passando por imparcial. Tem que mostrar a posição política, mas essa questão, ainda levará tempo.

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  2. Os jornalões não iam perder a oportunidade, né?

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  3. Sou afavor que seja divulgada a lista dos candidatos que respondem processos na justiça. O eleitor que decida.
    Mas, também sou afavor que seja divulgado os nomes dos juizes responsaveis pelo não julgamento dos processos.

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  4. Concordo com o comentário acima. Apesar de toda a manipulação da mídia e dos adversários, a informação está lá. Já é um passo, ainda que trôpego, para frente.

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