quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Prognósticos - Bancadas no Senado

Na tabela, os candidatos ao senado - do PT, PSDB, DEM e PPS - estão separados em quatro grupos: aqueles que têm chances “muitos altas” de serem eleitos (virtualmente já eleitos), os que têm “chances altas” de eleição (candidatos realmente competitivos), os que têm chances médias de eleição (disputa acirrada e imprevisível) e os que têm “chances baixas ou muito baixas” de vitória (praticamente fora da disputa).

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Projeção de bancada eleita para 2010:


Para calcular o número médio de senadores eleitos por cada partido, adotei os números de candidatos com chances muito altas e altas mais metade dos candidatos com chances médias. É recomendável considerar uma margem de erro, de dois para mais e dois para menos. Esta estimativa levou aos seguintes números:

PT – em torno de 12 senadores eleitos
PSDB – em torno de 6 senadores eleitos
DEM – em torno de 2 senadores eleitos
PPS – em torno de 1 senador eleito

Permanecem com mandato até 2014:

PT – 3: Eduardo Suplicy – SP; Anibal Diniz – AC (Suplente de Tião Viana); Ana Rita Esgário – ES (Suplente de Renato Casagrande)
PSDB – 5: Álvaro Dias – PR; Cícero Lucena – PB; Mário Couto – PA; Marisa Serrano – MS; Niúra Demarchi – SC (Suplente de Raimundo Colombo); Cyro Miranda Gifford – GO (Suplente de Marconi Perillo).
DEM – 4: Eliseu Rezende – MG; Jayme Campos – MT; Kátia Abreu – TO; Maria do Carmo Alves – SE.

Bancada prevista para legislatura 2011 - 2014:

PT – em torno de 15 senadores
Outros partidos governistas
PSB – em torno de 4 senadores: Antonio Carlos Valadares – SE; Rodrigo Rollemberg – DF; Lídice da Mata – BA; João Capiberibe - AP.
PDT - em torno de 3 senadores: Cristóvam Buarque - DE; João Durval - BA; Acir Gurgacz - RO.

PCdoB – em torno de 3 senadores: Inácio Arruda – CE; Vanessa Grazziotin – AM; Netinho – SP.
Partidos de oposição
PSDB – em torno de 11 senadores
DEM – em torno de 6 senadores
PPS – em torno de 1 senador

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Os Donos da Crise

A reação de Serra, na entrevista à CNT, é absolutamente sintomática. O PSDB está tão acostumado a ver apenas os seus pontos-de-vista sendo reproduzidos pelos jornalistas, que surta diante do contraditório. Para os tucanos, apenas os seus modos de entender os fatos são válidos, o resto é “trololó petista”, "argumentos fajutos" etc. Isto é muito comum nas situações mais corriqueiras: lados opostos têm visões diametrais sobre determinados assuntos, e ambos se acham totalmente certos. No caso da mídia, me parece ideal que houvesse arbitragem entre as diferentes visões, abertura de espaço para as divergências, de modo que a cobertura seja democrática e permita ao eleitor uma reflexão mais balizada. Em quaisquer circunstâncias, é muito grave que isto não se dê. Na iminência de uma eleição presidencial, é criminoso.



Só seria justificável que apenas um lado tivesse amplo espaço, com o outro sendo marginalizado, se os argumentos deste lado fossem inabaláveis, completamente comprovados, de modo que qualquer contraditório fosse desonesto, sujo. Não é o caso! Primeiro porque não há nada que comprove a ligação da candidatura governista com os casos que estão sendo explorados. O comércio de sigilos fiscais, já confessado pela servidora da receita, por mais abominável que seja, é de grande alcance e antigo. Não é difícil encontrar pela 25 de março comerciantes oferecendo CDs com dados de milhares de contribuintes. Esta servidora certamente não é a única a se valer da função que exerce para obter vantagem. E a comissão exigida pelo filho de Erenice Guerra para aprovar projetos de empresários, se comprovada, também não incrimina Dilma e sua candidatura.

Não se trata de tangiversar, de justificar erros com outros, de arranjar desculpas. É IMPOSSÍVEL, a não ser que se trate de alguém muito mal intencionado ou tapado, não se incomodar com o timing dessas denúncias. De novo, há poucos dias da eleição, brota um caso isolado, distante, mal explicado, genérico, que procura inviabilizar todo um projeto político. Não se trata de defender a Dilma, ela é apenas um rosto e um nome. Trata-se de decidir o destino de uma nação, pelos próximos anos. Estão em jogo, a riqueza do país, políticas públicas estruturantes, posicionamentos, prioridades, os maiores interesses, vidas humanas que são atingidas pelas ações políticas. Como não notar que acusações tão nebulosas sejam acionadas e tornem-se verdadeiras novelas jornalísticas no decorrer de uma eleição que vai anunciando seu rumo?

O fato de Dilma vencer no primeiro turno não me consola. Não é possível que sempre que comece a crescer uma candidatura de cunho popular, progressista, comprometida com a mudança deste país pela base da pirâmide social, utilize-se este tipo de expediente. Não é possível que o processo sagrado de escolha democrática sofra sucessivas tentativas de inviabilização. É preciso fazer algo. Crises não brotam, não surgem do nada, de maneira espontânea ou despretensiosa. As últimas crises, no Brasil, têm tido hora marcada e endereço político. Não me lembro de crises poucos dias antes da votação, quando das eleições de Fernando Henrique. Mas aconteceu com Lula em 2006, acontece agora com Dilma. Eu já esperava alguma estratégia (e quem não?), mas ainda fico chocado com a intensidade. Se são capazes disso agora, o que não farão durante o próximo Governo? Lula resistiu. Mas e outra liderança que não agrade os donos das crises? Resistirá? Até quando pagaremos pra ver?

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Tão previsível que surpreende (o caso Verônica Serra nas eleições 2010)

O Tribunal Superior Eleitoral puniu a campanha de Dilma, em função de críticas que candidatos a deputados de Santa Catarina fizeram ao governo Fernando Henrique. Especificamente, os aliados de Dilma falaram que a falta de investimentos de FHC e Serra (à época, Ministro do Planejamento) ocasionaram o apagão em Florianópolis. O TSE entendeu que, apesar de Dilma não ser mencionada, nem mostrada no espaço televisivo, houve “propaganda negativa do adversário”. Pois bem, o Serra está indo á televisão dizer que a quebra de sigilo de sua filha, feita com documentos falsos, foi orquestrada, não apenas pelo PT, como pela campanha da Dilma, com objetivos político-eleitorais. A coligação de Serra chegou a pedir a cassação do registro da candidatura de Dilma, por causa deste episódio.

Alguém minimamente crítico, e com o mínimo de vergonha na cara, consegue ignorar que estes escândalos midiáticos, às vésperas de eleição, sempre beneficiam a campanha do PSDB? Nesta quinta, o programa na TV do Serra foi praticamente uma extensão do Jornal Nacional, ainda veio recheado de matérias da Folha, e destacou trechos de uma coluna da Dora Kramer no Estadão! Vejam a que ponto chega o alinhamento mídia / oposição. A principal contribuição da Imprensa para o PSDB é construir as bases do discurso tucano, reforçar e legitimar as acusações de Serra contra Dilma. Claro, sempre com esse tom alarmista, mexicanizado, pra chocar os cidadãos e ajudar na desestabilização da disputa. Não há qualquer indício de envolvimento da campanha petista com esta solicitação de informações junto à Receita! Se o TSE – que puniu a campanha da Dilma por críticas feitas por terceiros à gestão tucana – for minimamente coerente, o Serra precisa ser punido por esta irresponsabilidade.

Não é possível que este padrão continue se repetindo. Pegam um caso totalmente isolado, que pode ter sido armado por qualquer um, e tentam incriminar um projeto político de cunho popular. Eu quero lembrar que da última vez que acusaram a Dilma de montar dossiês, a Polícia Federal acabou descobrindo que, apesar do material ter sido vazado por um funcionário da Casa Civil petista, a solicitação partiu do senador tucano Álvaro Dias! Fato solenemente ignorado pela grande mídia! Quem sofreu todo o desgaste do processo naquele episódio foi o Governo e, em parte, a própria Dilma. Ninguém sabe ainda quem está por trás desta quebra de sigilo fiscal da filha do Serra. Ainda que seja alguém ligado ao PT – ou adversário do PSDB, daí à Dilma ter responsabilidade vai um abismo de distância.

A candidatura governista sempre foi favorita, mesmo quando estava atrás nas pesquisas, tanto que este blog e muitos outros antecipamos há meses a possibilidade de vitória no primeiro turno. Esta liderança nas pesquisas – ainda que com magnitude surpreendente – apenas consolidou um quadro que já estava desenhado. Toda a conjuntura favorecia a Dilma, e ainda favorece. Seria um tiro no pé, o cúmulo da estupidez, e mais: do amadorismo político, recorrer a um expediente como este. Nenhuma grande campanha (como a da Dilma, do Serra e da Marina) cometeria um erro tão crasso. A exploração política deste episódio está sendo feita pela oposição e, de novo, pela mídia. É inacreditável que usem a mesma estratégia da eleição presidencial imediatamente anterior. “Não votem no PT porque no PT tem aloprados, e eles não respeitam a democracia”.

A candidatura tucana caminhava para uma derrota fragorosa, retumbante, agora os ânimos oposicionistas estão atiçados novamente. Não apenas porque se almeja prejudicar a candidatura Dilma, mas também – talvez, principalmente – para reduzir o tamanho da vitória governista. Não somente Dilma venceria. Dilma venceria, em primeiro turno, com uma diferença de o dobro de votos do adversário, em estados considerados redutos tucanos, arrastando uma bancada imponente para a Câmara e para o Senado, e dando enorme impulso para os candidatos governistas que fossem ao segundo turno nas disputas estaduais. É fundamental compreender este aspecto. Determinados setores da sociedade não aceitariam de maneira nenhuma e não suportariam uma derrota deste tamanho. Era preciso fazer alguma coisa. Será suficiente para mudar o destino das coisas?