Mas não me parece que a estagnação da candidata esteja relacionada a qualquer agenda negativa. Parece que a petista esgotou sua capacidade de crescer sem condições fundamentais, que só uma campanha pode oferecer. Dilma precisa ainda ser mais mostrada como a candidata do Lula, só isso já é capaz de motorizar a candidatura do PT. A mesma pesquisa Datafolha do último sábado mostra que apenas 58% sabem que a Ministra é a escolhida pelo presidente para disputar as eleições. Ainda há muito chão a ser percorrido pela candidatura petista. Entretanto, creio que isso só seja possível quando do Horário Eleitoral Gratuito na televisão. Antes disso, a disseminação desta informação acontecerá de maneira muito lenta, inviabilizando crescimento mais expressivo da candidata. Ironicamente, o que pode ajudar a divulgar o nome de Dilma como presidenciável é exatamente a veiculação destas pesquisas no Jornal Nacional, que só passou a mostrar os números do Ibope e do Datafolha neste mês de março.
O JN é uma vitrine extremamente privilegiada, e a divulgação das pesquisas ajuda a reforçar o clima de disputa eleitoral. Soma-se a isso, o fato de os candidatos estarem se descompatibilizando de seus cargos até o final desta semana, passando a dedicarem-se apenas à disputa. De toda forma, algumas condições só serão obedecidas a partir de agosto, com os rostos dos candidatos nos meios de comunicação de massa, nos debates, nas entrevistas etc. É só aí que o eleitor toma melhor conhecimento das propostas, das opiniões, das qualidades e defeitos dos presidenciáveis. É quando os candidatos tornam-se relacionáveis; o cidadão forma uma imagem, um conceito sobre o candidato e desenvolve uma postura em relação a isso. Há vários casos de candidaturas que iniciaram as eleições por baixo e terminaram vencendo.
Isto vale para candidatos totalmente desconhecidos da população, para candidatos conhecidos e mesmo para candidatos no cargo. Kassab, em São Paulo, ano passado, começou as eleições com um dígito nas pesquisas, cresceu e terminou o primeiro turno na frente, deixando para trás os favoritos: Marta Suplicy e Geraldo Alckmin. Só a campnha permitiu a Kassab comunicar aspectos positivos de sua candidatuta e gestão. Em Recife, também em 2008, João da Costa, completamente desconhecido, partiu de praticamente nada para vencer já no primeiro turno. O petista tinha um forte padrinho - João Paulo - e representava uma gestão altamente aprovada pela população recifense. Foi a campanha que permitiu colar a imagem de João da Costa a estes atributos positivos. Ainda penso que a conjuntura de 2010 é altamente favorável à Dilma, que deve terminar o primeiro turno na frente ou mesmo liquidar a fatura já na primeira rodada, cenário mais viável se Ciro sair da disputa.
Concordo com vc em relação à diferença entre essas pesquisa pré-temporada eleitoral. Principalmente porque no Brasil a grande massa de eleitores não tem acesso a mídia digital (onde parece já está começando a decolar) e a mídia impressa (no sentido amplo). Então, para esse grande número de pessoas, justamente as que elegeram o Lula, o pensamento eleitoral será somente quando o JN começar a falar de fato e no horário eleitoral gratuito. Engana-se quem acha que no caso da candidatura a presidente as pesquisas podem ser consideradas absolutas, pois com um país extenso como o nosso e com a quantidade de votantes com diferenças abissais de pensamento, fica muito difícil conseguir ter esse registro. Agora, em eleições mais regionais, como governador e prefeito, as pesquisas são, além de bem vindas, um panorama bem real do que irá acontecer nas urnas.
ResponderExcluirBjs,
Érika dos Anjos
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