Acho tão engraçado isso. Os jornalistas são especialmente mordidos com o presidente pelo fato dele estar fazendo “campanha antecipada”. Mais interessante do que as críticas diretas e objetivas, são as indiretas, os sarcasmos, as insinuações de que, apesar de o presidente estar gritando aos quatro ventos que Dilma é sua candidata, ela não atingiu sequer os "30% históricos do PT". Entretanto, apesar de criticarem a postura do presidente, criticam também o Serra por não estar fazendo a mesma coisa! Ou seja, o que está errado não um ato condenável do presidente, o que está errado é o fato de Serra estar demorando muito pra fazer igual. Agora, é tudo um grande circo, né? Várias falácias juntas pra montar essa palhaçada. Não é o PT que tem 30% históricos, foi o Lula – único candidato à presidência do PT até hoje – que teve, sempre que concorreu, pelo menos algo em torno dos 30%. E tanto a Dilma, quanto o Serra, estão sim utilizando as plataformas dos seus governos para exporem seus nomes. É que os jornalistas esperavam que Serra fizesse isso mais ainda.
Ofensiva
Não dá pra entrar no mérito do caso, num drops desse. É claro que qualquer desvio de dinheiro para enriquecimento ilícito ou financiamento ilegal de campanha deve ser punido, mas as edições deste mês de Veja e Isto É foram meio infantis, na minha opinião. Uma desenterra o Mensalão de 2005, com a desculpa de que agora é o “relatório final”, e tentar envolver o pré-candidato do PT ao Governo de Minas, Fernando Pimentel. O ex-prefeito já assegurou na Justiça direito de resposta. A outra desenterra supostas irregularidades da campanha de Lula de 2002, usando como fonte primária um promotor de Justiça que já pediu à própria VEJA ressarcimento por danos morais no valor de R$ 20 mil, alegando que a revista extrapolou o direito de liberdade de informação e violou a sua honra, ao qualificá-lo como “pioneiro da era dos promotores heróis”. Além disso, a Bancoop emitiu nota reclamando que “não foi ouvida em momento algum pelos jornalistas responsáveis pela matéria da revista VEJA, em clara violação a princípio elementar de ética jornalística”. Puxão de orelha de bancário sobre ética jornalística é feio, hein? Principalmente quando embasado.
Tiro no pé?
Serra finalmente desincompatibiliza-se do Governo de São Paulo em ato oficial, com mais de 5.000 presentes (servidores e tucanos). O presidenciável do PSDB alfinetou o PT: "Já fui governo e já fui oposição, mas de um lado ou de outro, nunca me dei a frivolidade das bravatas". Serra poderia estar saindo do cargo sob agenda negativa. Funcionários públicos realizaram um protesto na Avenida Paulista chamado de “bota-fora do Serra”. Segundo Ilimar Franco, de O Globo, “a campanha do tucano José Serra está comemorando as marchas de protesto dos professores, filiados à CUT e aliados do PT, em greve”. Ainda segundo a nota de Ilimar, “um assessor ironizou ontem: ‘Amanhã eles vão fechar mais uma rua, o paulistano vai adorar’". Greve de servidores pode ser negativa para o governante, mas o tiro também pode sair pela culatra, especialmente em um estado como São Paulo. A opinião média dos cidadãos pode ser agressivamente contrária às categorias que optaram pela paralisação. É possível que muitos paulistanos, não apenas condenem a greve, como apóiem qualquer forma de repressão mais firme.
