sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Drops - Outubro

Ode a Kassab (por Lucia Hippolito)

É incrível como os especialistas em política da mídia reproduzem exatamente o mesmo discurso, chegam às mesmas conclusões (que nunca são minimamente embasadas) e trocam suas posturas como quem troca de camisa. Comentaristas como Lucia Hippolito, Cristiana Lobo, Alexandre Garcia, Gilberto Dimenstein, Eliane Cantanhede, Josias de Souza, Noblat, enfim, as vozes dos veículos de comunicação de massa, exibem impressionante sincronismo nas suas interpretações. Apontam José Serra, ou a Oposição, como os vencedores das eleições 2008, mas nunca mostram um gráfico, uma estatística, algo concreto que respalde suas afirmações. Até porque, quando se recorre aos dados, o que vemos é aumento do PT e diminuição do PSDB e do DEM. Na Globo News, no programa Estúdio i, Lucia Hippolito, sempre tão combativa e crítica (?), teve a oportunidade de fazer uma pergunta a Gilberto Kassab. Lucia poderia fazer inúmeras perguntas que seriam do interesse do cidadão paulistano. Mas preferiu fazer a seguinte intervenção: “ Eu queria um pouco conversar com o Sr. sobre o peso da responsabilidade de ser o prefeito mais votado de toda a história de São Paulo!“ Vejam se tem cabimento! Pura babação de ovo em pleno canal de jornalismo. Vocês conseguem imaginar uma pergunta dessa ao Presidente Lula? “Presidente, como o Sr. se sente com esta aprovação recorde de 80%?” O máximo que os especialistas da mídia falam sobre a popularidade do presidente é que ela se deve aos programas assistencialistas do Governo.

Eu já sabia!

Muita gente ficou bastante surpresa com algumas reviravoltas destas eleições. Mas este blog já adiantou muita coisa inesperada! Por exemplo:

=> Gabeira no segundo turno:

Ainda em 16 de agosto, quando Crivella liderava as pesquisas com folga (28 pontos) e Jandira estava em segundo lugar, eu disse aqui: "... creio que o cenário eleitoral de hoje, no Rio de Janeiro, está maquiando o que acontecerá no dia da votação. Ao contrário do que muitos pensam, acho que o único realmente garantido no segundo turno é Eduardo Paes. [...] Crivella tem um eleitorado fiel (literalmente), no entanto, não deve apresentar crescimento. Digo isso baseado no tempo de propaganda eleitoral de que o Bispo dispõe: 1 min e 56 s. Muito pouco! A segunda colocada, Jandira Feghali, tem 2 min. e 32 s., por isso também deve cair cada vez mais até a votação. [...] Gabeira tem a segunda maior fatia de horário eleitoral, 4 min. e 50 s., é um bom tempo e pode alavancar a candidatura..." Depois, no dia 21 de setembro, reiterei que "... Gabeira ou Molon podem ser a grande surpresa destas eleições. O número de eleitores indecisos ainda é expressivo...“ Dava pra perceber que os indecisos iriam fazer a diferença na hora H, provocando uma surpresa. No caso, sempre é algum candidato novo (como Gabeira ou Molon). O que fez a diferença pro Gabeira foi mesmo o tempo de TV que era o segundo maior, perdendo apenas para o do Eduardo Paes.

=> Virada em Salvador:

Na capital baiana, tudo mudou! Existiam 4 candidatos competitivos (mais o do PSOL), os dois que começaram muito bem nas pesquisas foram colocados para trás (ACM e Imbassahy), e os dois que tinham pior desempenho inicialmente passaram para o segundo turno (João Henrique e Pinheiro). Entretanto, já em 16 de JULHO, antes mesmo de o horário eleitoral começar, eu disse: "É curioso que um candidato do PSDB e outro do DEM sejam tão fortes em uma região em que Lula é tão popular..." Os que tinham melhores condições de pregar uma parceria com Lula eram: o candidato do PT, por razões óbvias, e o candidato do PMDB, porque o partido uniu-se a Jacques Wagner para tirar o Carlismo do Governo da Bahia em 2006. Acabou que os partidos de oposição, mesmo tendo subitamente trocados seus críticas por elogios a Lula, ficaram de fora do segundo turno em Salvador.


=> Pseudo-liderança em Belém:

Em Belém, as pesquisas alastravam um cheiro fortíssimo de manipulação das brabas. Neste caso, não registrei minhas desconfianças no meu blog, mas fiz um comentário no Blog do Espaço Aberto, que depois foi publicado como uma postagem. Há menos de 3 semanas para o dia da votação, foi divulgada uma pesquisa Ibope em que Valéria Pires Franco, do DEM, liderava com 25% das intenções de votos, Duciomar tinha 23, Priante apareceu com 16 e Mário ficou com apenas 13. Depois, já na quase véspera da votação, o Ibope mostrou Valéria no segundo lugar, com 18 pontos (ainda assim, bem à frente de Priante e Mário, que apareceram com 12). Porééém, eu bem que alertei o seguinte: “Acho muito mais provável que Valéria tivesse algo em torno destes 18 pontos desde o começo, mas o veículo de comunicação/Instituto quis enfiar goela abaixo do público que a candidata do DEM estava nas alturas. Com a possibilidade de manipulação de até 8 pontos, graças à famigerada "margem de erro" (especialmente ampla em Belém), fica fácil montar diversos cenários. Quanto mais próximo do dia D, mais fiel à realidade precisam ser as pesquisas. De qualquer forma, não será nenhuma surpresa se o resultado do TRE for bastante diferente do que é alardeado pela ORM.

Os Tops das Eleições 2008

=> Top 5 - as maiores derrotas:
1. Geraldo Alckmin, PSDB (SP). Candidato à presidência há 2 anos, favorito absoluto e não chegou nem ao segundo turno.
2. ACM Neto, DEM (Salvador). Liderou a campanha inteira, ficou fora do segundo turno e mostrou que o Carlismo minguou na Bahia.
3. Fátima Bezerra, PT (Natal). Tinha o maior tempo de TV, apoio do atual prefeito, da Governadora e do Presidente Lula, mas foi derrotada no primeiro turno.
4. Valéria Pires Franco, DEM (Belém). Brigou pela ponta das pesquisas a campanha inteira, mas terminou em quarto lugar, com 13%, quase ultrapassada pelo candidato do PPS, que ficou com 11%.
5. César Maia, DEM (Rio). Depois de ter administrado o Rio por 3 vezes, César Maia não conseguiu eleger sua candidata (que ficou com 3% dos votos válidos, em sexto lugar), e deixa a prefeitura carioca rejeitadíssimo pelos eleitores.

=> Top 5 - as maiores surpresas:
1. Fernando Gabeira, PV (Rio). Começou a campanha com fraco desempenho nas pesquisas, mas não foi eleito por uma diferença mínima.
2. Leonardo Quintão, PMDB (Belo Horizonte). Forçou um segundo turno que parecia improvável na capital mineira e chegou a liderar as pesquisas contra o candidato do prefeito e do governador.
3. Kassab, DEM (São Paulo). Saiu de 8% de intenções de votos nas pesquisas para uma reeleição com mais de 60% dos votos válidos no segundo turno.
4. Flávio Dino, PC do B (São Luís). Chegou a registrar 4% nas pesquisas, mas apresentou forte crescimento e chegou ao segundo turno. Flávio Dino terminou com 44% dos votos válidos.
5. Priante, PMDB (Belém). Quando todos esperavam um segundo turno entre o atual prefeito, Duciomar, e a candidata do DEM, Valéria Pires Franco, Priante passou para o segundo turno na capital parense.

Um comentário:

  1. Não podemos generalizar, mas algumas pesquisas mostraram vantagens absurdas a certos candidatos, como foi o caso da Valéria (DEM), em Belém. Era óbvio que o principal jornal impresso de Belém estava apoiando a candidata, mas daí a manipular pontos em pesquisa há uma grande diferença.
    E o pior é que várias pessoas se influenciaram com a peseudo-liderança da Valéria, dando o voto à ela tanto por rejeição ao Duciomar quanto por acreditar que ela era a melhor, já que a maioria a assim achava.
    Se as pesquisas estivessem certas, acredito que ela teria um resultado ainda pior.
    Enfim, essas pesquisas deveriam sofrer um rigor bem maior em sua elaboração...

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