Muitas
decisões da Justiça Eleitoral têm se mostrado preocupantes nas eleições desse
ano. Uma que chamou atenção aconteceu em Belo Horizonte, pelo mérito da decisão
e pelo que não foi considerado em todo o processo. O
que aconteceu foi que Aécio Neves mexeu seus pauzinhos pra deixar tudo conforme
seus interesses, e no final a Justiça ainda aplicou uma punição à chapa do PT.
Aécio não tinha um nome de peso para a sucessão de Minas em 2014. Seu pupilo,
atual governador, Antônio Anastasia, não pode mais concorrer. O prefeito de BH,
Márcio Lacerda, do PSB, seria um nome bastante competitivo. Mas o
presidenciável tucano tinha um obstáculo: o vice, na chapa de Lacerda à
reeleição, era um petista. E deixar um petista na prefeitura da capital não
podia fazer partes dos planos de Aécio. O prefeito, do PSB, concorreria à
reeleição em 2012, com o apoio de tucanos e de petistas. Fazia parte do acordo
para ter o apoio do PT, a posição de vice e a coligação proporcional para os
vereadores. E isso estava acertado em documento assinado, segundo o presidente nacional do PT.
No
último dia para as coligações, Márcio Lacerda mandou avisar ao PT que mudara de
ideia, que não queria mais a chapa proporcional para a câmara. E não tinha
volta. Foi o estopim para a frágil aliança. Em questão de horas, o PT decidiu
pela candidatura própria. Patrus Ananias foi declarado candidato. Um ponto
especialmente intrigante foi que, após o rompimento com o PT, imediatamente
Lacerda conseguiu atrair para sua chapa dois partidos que já estavam com
candidatos definidos e oficializados, o PTB e o PV. O candidato verde, aliás,
era um conhecido crítico da gestão municipal. Dizem que Aécio participou destas costuras políticas. Já os petistas conseguiram o
apoio do PMDB, do PC do B, do PRB, do PDT e do PSD, este último por intermédio de Dilma Rousseff. O PSD, porém, ficou
dividido. Enquanto a direção nacional optou por Patrus, dirigentes locais
gostariam de continuar com Lacerda e o PSDB. A Justiça de Minas garantiu a
legenda na chapa de Lacerda.
O juiz
relator do processo alegou que “a direção nacional do PSD não concorda com a
coligação municipal formada com o PSB, porque esse partido desligou-se do PT.
Todavia, no momento da convenção realizada dia 26/06/2012 não havia essa
orientação”. O que é estranho, porque a convenção do PSD não teria como
imaginar que um acordo seria rompido, especificando o que deveria ser feito,
caso o prefeito voltasse atrás em uma posição. Algo assim seria absurdo. A
decisão da Justiça também partiu do pressuposto de que Kassab teria interferido
indevidamente no processo, e que os defensores da aliança com o prefeito
representavam a ‘resistência’, os guardiões do verdadeiro sentimento do PSD de
Minas. Essa foi a versão amplamente disseminada pelos meios de comunicação.
Kassab era sempre enquadrado como o interventor, com motivações “políticas”.
Como se as outras motivações fossem diferentes. A Justiça ainda aplicou multa
de R$ 10 mil à chapa de Patrus, e retirou PRB e PDT da coligação.
Se
o apoio do PSD ao Patrus atenderia a interesses externos, nacionais, do PT; por
sua vez, o apoio do PSD ao Lacerda também atendeu aos interesses do PSDB, e
muito diretamente ao interesse de Aécio Neves, presidenciável tucano. Não há,
nesse caso, movimentações que não sejam de natureza política. Diante disso, era
de se esperar que a instância nacional de uma legenda tivesse ascendência sobre
a instância local, é o mínimo que se entende sobre organização partidária. Mas
o pior foi ter considerado as motivações de Kassab menos nobres do que as daqueles
que defendiam a aliança com Lacerda – aliados diretos de Aécio. O presidente do
diretório estadual do PT chegou a falar com todas as letas que “um acordo
assinado foi rasgado. O Márcio [Lacerda] optou por atender aos caprichos do
príncipe Aécio”. Todas as ações foram bem administradas, para que Aécio, agora,
tenha um candidato ao governo de Minas, um vice-prefeito de BH do seu grupo, o
PT alijado de todo o processo, tudo a partir de um problema na coligação dos
vereadores que funcionou como cortina de fumaça. E nada disso mereceu uma linha
nas análises midiáticas. Como se já não bastassem todos os relatos de que a
Imprensa mineira arrasta um bonde pelo Aécio, agora temos essa decisão jurídica
bastante esquisita.
Todo Petista é GADO da Medíocre dilmANTA
ResponderExcluir