Não é de hoje que a posição dos Estados Unidos como principal potência do mundo precisa ser relativizada. O poderio político, econômico, financeiro dos americanos ainda é inquestionável, mas hoje deve ser flexibilizado, principalmente, por causa do potencial chinês. O PIB da China é hoje o quarto maior do mundo, atrás dos EUA, Japão e já no calcanhar da Alemanha. A previsão é que, dentro de algumas décadas, antes da metade do século, a economia chinesa seja a maior do mundo. Este crescimento acelerado, a uma taxa média de 10% ao ano, já está na sua terceira década, vem desde o início dos anos 80. Por causa da imensa população, a renda per capta dos chineses não é das maiores, mas os avanços sociais no país são expressivos. O número de habitantes sob extrema pobreza baixou de 250 milhões em 1978 para 14,79 milhões em 2007, de acordo com estatísticas nacionais sobre a observação da pobreza rural [1]. Para 2008, a meta é investir US$ 1,11 bilhão em programas para redução da pobreza [2].
Nunca houve dúvidas de que a China será uma das grandes potências do futuro. Depois destas Olimpíadas a dúvida é: este futuro já chegou? Os jogos olímpicos foram muito ilustrativos deste novo momento mundial. Já na abertura, a China deixou perfeitamente claro que consegue proporcionar um espetáculo sem precedentes. É difícil até encontrar uma palavra que esteja à altura daquela apresentação. Incrível, magnífica, arrebatadora... Não! Ainda não chega perto da magnitude daquele momento. A sincronia perfeita entre multidão, tecnologia, arte, bom gosto, história de um povo. Tudo minuciosamente ensaiado. Seria mesmo impossível que a China não desenvolvesse uma expertise em manusear multidões. São 1 bilhão e 300 milhões de habitantes. É a maior população do mundo, cerca de um quinto da população mundial. Há relatos de que, diante das superlotações em banheiros públicos, os chineses inventaram a fralda para adultos [3].
Com esta gigantesca demanda populacional, o país precisou providenciar soluções à altura. O Transrapid, em Xangai, é um trem magnético suspenso, que atinge a velocidade de até 430 km/h. É um salto tecnológico de nível verificado em poucos países. Neste quesito, o Japão é uma grande referencia asiática. O PIB japonês ainda supera o chinês, e mais importante: o poder aquisitivo no Japão é muito maior. Dentre várias diferenças, os dois países têm em comum uma cultura milenar. Tradições fortemente respeitadas até hoje que precisam conviver com o que há de mais recente e inovador. Em contextos muito distintos, China e Japão tiveram que aprender a valorizar e conviver com as tecnologias. Para o Ocidente, sempre foi bem mais fácil. Progresso, dominação, acumulação, são a tônica da cultura ocidental, e foi para este propósito que serviu o desenvolvimento tecnológico. Mas o Oriente sempre teve outra concepção de “progresso”, outra relação com o ambiente e outra lógica de ocupação do espaço.
No livro “A Pele da Cultura”, Derrick de Kerckhove escreve que “quando uma nova tecnologia é introduzida, lança uma guerra não declarada à cultura existente”. No livro “The Development of the Japanese Transportation System”, encontramos que, durante muito tempo, o povo japonês resistiu a comprar carros particulares: “um carro implica individualismo, independência, decisões súbitas, tudo coisas que vão contra a mentalidade japonesa”. Nas últimas 3 décadas, na China, populações maiores que a do Brasil saíram da miséria, sem ter o que comer e vestir, para um novo mundo de desenvolvimento. O processo de industrialização em massa que ocorreu no Japão e ocorre na China é marcado pela intensidade. Os asiáticos, de um jeito ou outro, aprenderam a se adaptar. Não é qualquer nação que tem a habilidade de integrar o velho e o novo. Para usar os termos de Kerckhove, “mudar de pele”. O autor traça um interessante paralelo, analisando o Cinema.
Como expressão artística e retrato simbólico da cultura, o Cinema revela muito sobre uma nação. O Godzilla, invenção japonesa, pode ser uma metáfora do caos moderno no Oriente. O trânsito raivoso, lento e mal cheiroso invade as metrópoles, tal qual o monstro. O engarrafamento é o Godzilla por excelência. Há, no mito japonês, forte influência do velho tema do dragão chinês. Mas se o primeiro momento é traumatizante, agora os orientais apropriam-se das tecnologias. No Cinema, a melhor referência são os Transformers, outra criação japonesa. A abertura das Olimpíadas mostra como os chineses também estão à vontade com o avanço tecnológico. É a máquina e o homem, o orgânico e o inorgânico, em momentos de profunda integração. O Ocidente está em crise por ter criado um modelo econômico-produtivo que destrói o planeta. Toda a humanidade trabalha para tentar reverter este quadro e garantir um futuro. Por ironia do destino, ou por uma questão de justiça, quando este futuro chegar, ele terá um novo líder: o Oriente.
Nunca houve dúvidas de que a China será uma das grandes potências do futuro. Depois destas Olimpíadas a dúvida é: este futuro já chegou? Os jogos olímpicos foram muito ilustrativos deste novo momento mundial. Já na abertura, a China deixou perfeitamente claro que consegue proporcionar um espetáculo sem precedentes. É difícil até encontrar uma palavra que esteja à altura daquela apresentação. Incrível, magnífica, arrebatadora... Não! Ainda não chega perto da magnitude daquele momento. A sincronia perfeita entre multidão, tecnologia, arte, bom gosto, história de um povo. Tudo minuciosamente ensaiado. Seria mesmo impossível que a China não desenvolvesse uma expertise em manusear multidões. São 1 bilhão e 300 milhões de habitantes. É a maior população do mundo, cerca de um quinto da população mundial. Há relatos de que, diante das superlotações em banheiros públicos, os chineses inventaram a fralda para adultos [3].
Com esta gigantesca demanda populacional, o país precisou providenciar soluções à altura. O Transrapid, em Xangai, é um trem magnético suspenso, que atinge a velocidade de até 430 km/h. É um salto tecnológico de nível verificado em poucos países. Neste quesito, o Japão é uma grande referencia asiática. O PIB japonês ainda supera o chinês, e mais importante: o poder aquisitivo no Japão é muito maior. Dentre várias diferenças, os dois países têm em comum uma cultura milenar. Tradições fortemente respeitadas até hoje que precisam conviver com o que há de mais recente e inovador. Em contextos muito distintos, China e Japão tiveram que aprender a valorizar e conviver com as tecnologias. Para o Ocidente, sempre foi bem mais fácil. Progresso, dominação, acumulação, são a tônica da cultura ocidental, e foi para este propósito que serviu o desenvolvimento tecnológico. Mas o Oriente sempre teve outra concepção de “progresso”, outra relação com o ambiente e outra lógica de ocupação do espaço.
No livro “A Pele da Cultura”, Derrick de Kerckhove escreve que “quando uma nova tecnologia é introduzida, lança uma guerra não declarada à cultura existente”. No livro “The Development of the Japanese Transportation System”, encontramos que, durante muito tempo, o povo japonês resistiu a comprar carros particulares: “um carro implica individualismo, independência, decisões súbitas, tudo coisas que vão contra a mentalidade japonesa”. Nas últimas 3 décadas, na China, populações maiores que a do Brasil saíram da miséria, sem ter o que comer e vestir, para um novo mundo de desenvolvimento. O processo de industrialização em massa que ocorreu no Japão e ocorre na China é marcado pela intensidade. Os asiáticos, de um jeito ou outro, aprenderam a se adaptar. Não é qualquer nação que tem a habilidade de integrar o velho e o novo. Para usar os termos de Kerckhove, “mudar de pele”. O autor traça um interessante paralelo, analisando o Cinema.
Como expressão artística e retrato simbólico da cultura, o Cinema revela muito sobre uma nação. O Godzilla, invenção japonesa, pode ser uma metáfora do caos moderno no Oriente. O trânsito raivoso, lento e mal cheiroso invade as metrópoles, tal qual o monstro. O engarrafamento é o Godzilla por excelência. Há, no mito japonês, forte influência do velho tema do dragão chinês. Mas se o primeiro momento é traumatizante, agora os orientais apropriam-se das tecnologias. No Cinema, a melhor referência são os Transformers, outra criação japonesa. A abertura das Olimpíadas mostra como os chineses também estão à vontade com o avanço tecnológico. É a máquina e o homem, o orgânico e o inorgânico, em momentos de profunda integração. O Ocidente está em crise por ter criado um modelo econômico-produtivo que destrói o planeta. Toda a humanidade trabalha para tentar reverter este quadro e garantir um futuro. Por ironia do destino, ou por uma questão de justiça, quando este futuro chegar, ele terá um novo líder: o Oriente.
Acho que o poder no mundo será cada vez mais divido, em blocos. E cada um com um lider. O bloco europeu (alemanha), o bloco norte americano (EUA), o bloco sulamericano (Brasil), a Russia, a china e a India por si só são um bloco cada um destes paises respondera pelos satelites que os cercam.
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